25 abril 2008

25 Abril de 2008

imagem retidada do blogue o sopro do coração
A capacidade de fazer escolhas foi-te transformando numa comezinha incapacidade de sobreviver. É difícil acreditar que há 34 se fazia Abril. Hoje, quando se conta o dinheiro para comer é mais fácil compreender como se dobra uma geração. Pois o que tudo na juventude pareciam possibilidades inúmeras, quando se sai da faculdade ou da casa paterna, ou da leira dos avós e é preciso pôr o pão nalgum cesto, as possibilidades vão encolhendo à medida do valor pago à hora por cada braço. Para piorar tudo isto, os bancos ficam com o resto que mexe. Despesas de manutenção, anuidade do cartão de débito, anuidade do cartão de crédito, imposto de selo, comissão de processamento (???), aumento da taxa de juro na Europa a estimular as renegociações de crédito com ganhos ainda maiores para o banco. É difícil de acreditar que o país seja isto. Se tenha tornado nisto. Não diferente do que corre pelo resto do mundo, mas bem pior que as expectativas e as capacidades que a conjuntura colocava há 30 ou 10 anos atrás.
Ontem fui à biblioteca nova da antiga faculdade. Construída no tempo em que estudávamos (o que nos valeu ficar sem ela quase três anos) com o dinheiro dos Quadros de Apoio. É fabulosa. É enorme. Mas como o V Império, as paredes da faculdade e da biblioteca são enormes para o que contêm. Não se vê gente, desaparecerem as mesas dos corredores, como se ver gente sentada a ler ou na conversa fosse um atentado à saúde e à circulação. Agora, como antes, veio um livro que não pedi e mesmo neste espaço fantástico os relógios continuam parados como no velho edifício. Para que não nos esqueçamos do nosso mítico destino de partir ou ficar aqui a ouvir fado.
Para celebrar de uma forma justa a data tinha planeado tentar partir a montra de um banco à vinda para casa. Não cheguei a tentar porque tive de fugir de um bando de miúdos que andava a roubar de esticão na Avenida.

20 abril 2008

Maio de 68 a Canja Laranja

Continuamos no automóvel, continuamos a trabalhar. Ainda não passa das oito horas, a temperatura se encontra pelos 10 graus centígrados com belo sol e quase sem nenhuma nuvem no céu. Ao encontramos com o Canja que também já se encontra na aventura laboral de todos os dias, peço informações preciosas: Tá tudo? – O notável portuense da gema responde: Tá tudo! Tudo Canja Laranja! Com os outros companheiros de trabalho, não paramos para o cumprimento matutino. A dinâmica do trabalho não dá para tanto. Mas com o Canja,impossível não pararmos.- Até amanhã. – Digo rindo. E qual alma não sorri para o Canja?!O Canja retribui o nosso último cumprimento (separação momentânea. Amanhã nos encontraremos novamente.), sempre da mesma maneira, sorrindo e a acenar com mão: «Canja Laranja!». O cara, o gajo é muito gente boa, Ou! («A gente não faz amigos,reconhece-os». W. Shakespeare.).
Universidade. Uni Ver Sidade.«Ouvia» – por volta dos 10 anos de idade – os estudantes universitários (aqueles que o meu meio ambiente me permitia nesta época ouvir. O que sempre serei sempre grato por estas audições.) apensar o mundo, a tentar avistar as cidades.) Algumas das minhas memórias da saudosa década de 70.O que eu observo (e quem não observa?) é que a grande maioria dos estudantes universitários de hoje em dia, estão, em vez de tentar pensar o mundo, em vez de tentar avistar cidades – ao contrário do bom senso filosófico Socrático -, estão é a tentar enxergar as suas futuras contas bancárias pós-diploma-na-mão. – Desta forma, encontramos uma certa ilustração prosaica: para um poeta andarilh ofrancês (e não só.) - habituado a ler todos os dias -, essa grande maioria dos estudantes é motivo de chacota. Portanto, compreendemos bem o sentimento do «andarilho leitor». Uma competitividade selvagem entre eles que só vendo, Janes Joplin (o Brasil não esquece quando, em 1970, você esteve no Rio de Janeiro. Cantou em um Bordel e foi expulsa do Copacabana Palace. Pois, aqui transmito a saudade que todos nós brasileiros temos de você!)! Janes, temos ou não temos razões para, ao pensar o futuro, coçarmos acabeça?!«A História é a Economia em acção». Karl Marx (Economista, filósofo esocialista alemão). Como é grande a pressão que os estudantesuniversitários sentem hoje em dia…Estudantes universitários que se movimentam, cada vez mais, pressionados nessa especialização medonha (horripilante) – inevitável nos dias que correm? Eis o tema. É que eu (contribuidor financeiro) – Brasil: Número de Contribuinte:Talvez noventa e cinco milhões e tal. Em Portugal, talvez Seis milhõese tal. - sinto que alguma coisa não vai muito bem no mundo académico nesse nosso início de século XXI digital (tocou, foi! Assim como um beijo acelerado, assim como um rápido prazer.): só os dois melhores , vingarão no mundo profissional? E os restantes a depender dos tais contactos pessoais? (Mais um paradoxo: num mundo tão competitivo como o nosso, «cunha» não quer dizer eficiência profissional. Portanto, a empresa que contracta «cunha», está a colocar a vida de sua empresa em risco.). Estudantes universitários sentem que não têm tempo para ler qualquer tipo de literatura que não sejam as das suas especializações (mesmo assim, exclusivamente curricular). É que, julgo, pensar o mundo, tentar enxergar as cidades, requer uma certa dose de audácia. Multidisciplinar (um trabalho multidisciplinar crítico (não ingénuo),diz respeito a inúmeras interacções e interferências, e portanto é sinónimo de complexidade.).Ora, vivemos, mais do que nunca, numa sociedade muito complexa e em evolução-digital (dia-a-dia em «velocidade digital»: Tocou, foi! Comoum beijo rápido e de pouco prazer.). Como pensar o mundo de maneira humanista neste formato académico actual? Como tentar enxergar cidades nesta especialização sem margem para um pensamento académico Multidisciplinaridade Humanista?E agora, meus amigos? Nos amanhãs, serão eles, os estudantes universitários de hoje, que nos governarão; tanto nas questões públicas, como nas questões privadas. Um outro facto curioso que eu acho é que na década de 70, quase que não encontrávamos estudantes com famílias com pouquíssimos recursos financeiros a estudar nas universidades públicas, tanto no Brasil como aqui em Portugal. Agora que celebramos a conquista desta tão antiga e suada reivindicação democrática, as coisas andam desta maneira (estadoletárgico?). Dá o que pensar. Será qual o motivo? Ou não será tanto assim? Estarei a enxergar coisas onde não existe? É um assunto bastante complexo, e tal complexidade só poderá ser respondida,obviamente, com uma certa dose de multidisciplinaridade. O enigma académico torna-se maior, quando observamos alguns professores que só transmitem aos alunos o que decoram (do Imitar do Copiar de maneira simplesmente irracional) durante as suas vidas lectivas não profissionais. Quantos são os professores que passam a metade de suas vidas na escola, na universidade e o grande resto do tempo que lhes restam, em frente da televisão: estes professores quando me encontram, normalmente, perguntam-me imediatamente sobre Literatura. Ora bolas, eu não compreendo necas de nada sobre literatura. O escritor existe para escrever e não para entender de literatura (isso, obviamente não implica que quem estuda literatura não possa escrever.).É na academia que é o local mais indicado para citar diariamente os escritores. Aqui fora, numa mesa de bar, o que devemos citar diariamente é a vida. O escritor não é a vida. O escritor é uma das realizações da vida. E citá-los obsessivamente numa mesa de bar é um fenómeno redutor perante ao que interessa objectivamente, a vida. O mais engraçado, o que tem mais piada nisso tudo para mim é que nunca me perguntaram sobre o F. Capra. O que eu responderia desta maneira:«Estou sempre de acordo com a junção da parte esquerda do cérebro coma sua parte direita: a junção do pensamento filosófico do Ocidente como pensamento filosófico do Oriente».Manifestamente, sabemos quantos excelentes docentes existem por esse mundo, como sabemos também que existem muito bons políticos. Uma coisa directamente ligada à outra: cem porcento de excelentes professores eum mundo menos injusto – uma simples metáfora sobre a importância dos professores em nossas vidas. Efeméride (vem mesmo bem a calhar): a assinalar os 40 anos do Maio de68 (Em Maio de 1968 e também ao longo de todo esse ano, o mundo assistiu a generalização de um levantamento no qual, mais do que os regimes e os governos, eram postos em causa os aparelhos políticos, as formas da vida quotidiana, os sistemas interligados do ensino e do trabalho, o sem-sentido da existência esmagada pela a rotina.),encontro um dos escritos do médico e pensador francês que muito contribuiu para o movimento, Jean Carpentier: «gosto de captar e de gozar imediatamente um olhar, um sorriso, um gesto, uma palavra que ainda não estejam emporcalhados, comercializados pelos cálculos racionais (controlo de si próprio, o «que-hão-de-dizer», a angústia do futuro e o resto… As imposições do sistema sociocultural). O que parte do coração é belo.». Em 1968, cantava-se«We want the wold and we want it now» Jim Morrison. E nos dias de hoje alguns muitos estudantes universitários estão a cantar «Nós queremos dinheiro, agora e sempre!»?Pois é, meus caros. E quem eu venho encontrar em minha vida, aqui no Porto, na Cidade Invicta: O Canja Laranja! Que, sem «especialização» e sem «multidisciplinaridade», vai resolvendo a sua vida sendo umverdadeiro poeta e conseguindo estar muito bem integrado no cotidiano urbano actual. Pois é, naquela mesma via que diz que viver é um estado paradoxal…O aprendiz de escritor:
- Mas Frediz Devaneio, eu sou sua namorada…
- Não. Nós somos grandes amigos e com umas histórias sexuais pelo omeio. Temos que ter consciência que as nossas histórias sexuaispoderão um dia terminar. Mas a nossa estima, nunca.
- Ah é?! Então está tudo acabado entre nós!...
- Pronto! Sou o seu namorado!....
- E sobre aquele teu novo projecto?...- Não se preocupe com isso! Coisa quente, Maria do Carmo, quentíssima,quentíssima mesmo, Maria do Carmo! Coisa grande, coisa de gente grande, Maria do Carmo! Desta vez, vai! Estou mais do que muito confiante desta vez, não vai falhar, deixa comigo! Realidade de 500,550 mil libras! É mesmo um colosso de projecto! Nunca tive um projecto tão bom em minha vida e olha que bons projectos é coisa que não faltanesta minha vida de músico e escritor azarado…
- Hum…
- Não? Você vai ver! Essa nossa jantarada de 5,50 com o vinho e o café já incluído, logo logo, vai acabar, Maria do Carmo! Coisa quente mesmo, tou falando, projectão internacional! Daqueles de Multinacional na história e tudo mais....
- Hum…
- Pronto! Se não der 500, 450… sei lá, uns cinquenta mil vai, isso eu garanto garantido! Daí, já vou ter mais tempo em pensar em um outroprojectão!...
- Hum…
- Cinco, quatro mil?!...- Hum…- Mil euros?!
- Hum…- 150 euritos e não falamos mais nisso?!
Nós que nascemos no Ocidente, somos de uma maneira ou de outra(aspecto cultural), não tem volta a dar, cristãos. A cultura está aí todos os dias e ai de quem andar pelado pela a rua! Eu que já fui índio um dia, digo-te, meu: Andar pelado, nu com a mão no bolso pelas ruas desse mundão, hospital psiquiátrico! Ah, mas na hora! É um tal de preconceito, aversão a índio que só vendo. Ah pois é, mas não sou bobo, não! Sei que xenofobia dá processo.Portanto, quero ser indemnizado pela a nossa cultura! 500 mil libras e estamos conversados.
Frederico Patasca

17 abril 2008

Lena d`Água e blogues



Os anos 80 foram uma piroseira danada. Ainda por cima andava tudo em folia adormecida como se o mundo se tivesse transformado numa hipótese viável. De qualquer forma é bom regressar a quase toda a música - não só pelo regresso natural à infância/origens/queijinhos frescos- mas porque, agora como na altura, queremos esquecer as viabilidades encurraladas.

Juntei à doce Lena d`Água mais alguns blogues, a Espuma dos Dias, com quem partilho o amor por Vian, por Dagerman e por Cossery, e alguns amigos que saúdo. O keroppy, o pivôt, o Major Tom.

15 abril 2008

Notícias do meu país #2


A remodelação das estações de Roma e Alvalade faz-nos acreditar. Esperemos com alegre expectativa o que está reservado aos pobres da Linha Verde, Intendente, Anjos e Arroios.

11 abril 2008

Notícias do meu país

Uma pessoa licenciada em História, estudante de mestrado na área, obtém nota inferior a 9,5 na avaliação curricular para um concurso de Técnico Superior de História-Estagiário na Câmara Municipal do Barreiro. (concurso 04/07 actas homologadas em 26 de Março de 2008). Se somarmos alguma experiência à pessoa deste exemplo só nos resta perguntar de que planeta virão os fantásticos aprovados a passar à prova de conhecimentos.

05 abril 2008

Ainda o eterno retorno #2

"... A história secular repete-se a si mesma, e a única narração em que têm lugar acontecimentos únicos e irrepetíveis é aquela que começa com Adão e Eva e termina com o nascimento e a morte de Cristo. Assim sendo, os poderes seculares aparecerão e entrarão em declínio, tal como no passado, e assim sucederá até a fim do mundo; mas esses eventos mundanos não trarão consigo a revelação de nenhuma verdade fundamental, pelo que um cristão não deve atribuir-lhes especial significado. Em toda a filosofia verdadeiramente cristã o homem é "um peregrino sobre a terra", e este facto por si só é suficiente para o isolar da consciência histórica própria do nosso tempo. (...) Nós, hoje em dia consideramos, por outro lado, que a história tem por fundamento a consideração de que o processo, na sua própria secularidade, conta por si mesmo uma história, e que, as repetições, num sentido restrito, não são possíveis.
(...)
Aquilo que é decisivo no nosso sistema não é o facto de o nascimento de Cristo surgir agora como o ponto de viragem na história mundial, pois isso havia sido reconhecido séculos antes e com uma intensidade ainda maior, sem que daí tivesse resultado um efeito similar na nossa cronologia; decisivo é que agora, pela primeira vez, a história da humanidade se estende ao mesmo tempo por um passado infinito, no qual podemos investigar sempre mais longe, e por um futuro igualmente infinito. Esta dupla infinitude de passado e futuro elimina todos os conceitos de começo e de fim da história mundial estabelecendo a humanidade numa mortalidade terrestre potencial. Aquilo que à primeira vista parece ser uma cristianização da história mundial, na verdade, elimina da história secular todas as especulações religiosas sobre o tempo."
Hannah Arendt, Entre o Passado e o Futuro -
Oito exercícios sobre o Pensamento Político
Lisboa, Relógio de Água, 2006