26 fevereiro 2007

Diário de Notícias e Expresso ao serviço do Povo

Publica-se aqui um resumo do estudo de Eugénio Rosa
"A mentira e a manipulação nos media como forma de condicionar a opinião publica"(20.2.2007) Quem quiser ler o estudo em detalhe pode pedi-lo para o seu email: edr@mail.telapac.pt

A mentira e manipulação são cada vez mais utilizados nos media como forma de condicionar a opinião pública, e de justificar e branquear as politicas do governo. Felizmente, ainda existem muitos jornalistas que pautam o que escrevem pelo rigor e pela objectividade, embora o contrário seja cada vez mais frequente. Neste artigo analisam-se dois casos na área económica, onde a mentira e a manipulação foram utilizadas.

O primeiro caso refere-se a um artigo publicado no caderno de economia do Diário de Noticias em 12.2.,2007, onde Manuel Esteves escreveu que “dados também da Comissão Europeia mostram que em 2005 os salários em Portugal receberam 62,5% do produto interno bruto (PIB), o que corresponde ao valor mais elevado da zona euro”. A verdade é que dados do Eurostat, que se encontram disponíveis na Internet, revelam que as remunerações em Portugal representavam apenas 47,4% do PIB em 2005. E são as “remunerações” que incluem as contribuições patronais para a Segurança Social e para a CGA, e Manuel Esteves afirma que os 62,5% do PIB são “salários”, por isso não incluem as contribuições patronais. Se deduzirmos ao valor calculado pelo Eurostat – 47,4% do PIB – as contribuições patronais para se obter o peso do salários no PIB ter-se-á apenas cerca de 37,4% do PIB.

O segundo caso refere-se a dois artigos publicados por Daniel Amaral, um comentador de temas económicos que tem um espaço quinzenal reservado no Expresso, em 6.1.2007 e em 3,2.2007. Nesses artigos manipulando dados, Daniel Amaral obtém para Portugal para o ano de 2006, percentagens que variam entre 50,6% do PIB (artigo de 6.1.2007) e 51,4% do PIB (artigo de 3.2.2007). E embora existisse para Portugal o valor calculado pelo Eurostat disponível na Internet, Daniel Amaral utilizou nas comparações que depois estabeleceu com outros países da U.E., os valores do Eurostat para esses países , e para Portugal o que tinha calculado, pois este era mais elevado do que o obtido pelo Eurosta. E é com base nesta manipulação que tira a seguinte conclusão: “Não tenho duvidas a este respeito: a politica salarial nos últimos anos foi completamente suicidia e a ela se deve, em grande parte, o elevado desemprego que hoje temos” E terminava dando este conselhos aos trabalhadores e sindicatos: “as actualizações salariais deste ano (2007) não deverão exceder os 2%”, portanto menos que a inflação prevista pelo próprio governo. Desta forma procura-se dar também cobertura e justificar a politica governamental de redução continuada de salários reais, e a de baixo salários para atrair o capital estrangeiro exposta pelo ministro da economia na China.

Uma segunda carta que enviamos ao Expresso em que desmontávamos a manipulação continuada de Daniel Amaral não foi publicada. Este semanário preferiu manter no engano os seus leitores. É essa carta não publicada que se junta no fim deste estudo.

23 fevereiro 2007

1ªs Jornadas da Habitação + Manif.


MANIFESTAÇÃO DIA 25 DE FEV-PRAÇA DA FIGUEIRA-15H

PORQUE a Habitação é um direito!

O Estado tem esquecido o seu dever de promover uma política que controle a especulação desenfreada e promova o acesso e dignidade na habitação para todos.

Milhares de pessoas:

- vivem em habitações degradadas, sobre-lotação, barracas, pensões, de favor ...
- estão endividadas em muito mais do que seria aceitável.
- têm mais dificuldade em conquistar autonomia na habitação, sobretudo jovens e idosos.

Os bairros de barracas estão a ser demolidos, centenas de pessoas, sem possibilidade de acesso à habitação, são postas à força na rua.

No entanto:

- só na área de Lisboa há mais de 112 mil casas à venda sem comprador e o preço não baixa;
- no país, há 544 000 casas devolutas;
- os centros das cidades estão cada vez mais vazios;
- o apoio ao arrendamento jovem foi reduzido em50% e além disso as verbas para habitação social e reabilitação diminuiram;

Os lucros dos bancos e das imobiliárias atingiram valores Record nos últimos anos!

TODOS SOMOS MORADORES.
TEMOS UMA PALAVRA A DIZER .
TODOS OS MORADORES À RUA !

DOMINGO 25 DE FEV – 15 H – PRAÇA DA FIGUEIRA

A organização das jornadas cabe à recém criada plataforma Artigo65 que tem como principal objectivo pugnar para que o direito consignado na Constituição como o artigo65: Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar seja mais do que um enunciado de intenções.

A nova casa da Helena

A Helena esqueceu-se de anunciar a sua nova casa. A luz de Lisboa com o mar ao fundo (agora cheio de marés vivas!)
Mais um link para aqui e para mim.

16 fevereiro 2007

Le Cool Lisboa


Não é simplesmente fabulosa esta ilustração para a capa da leCool?

13 fevereiro 2007

Choque de Civilizações (cont.)

Se cruzarmos as palavras do Major Tom em Sim ou Sopas -"(..)Achei que o momento ilustrava bem o que se tem passado nas últimas semanas, mas também um certo tipo de confronto de mentalidades que vem de longe. De um lado, os movimentos organizados a partir da sociedade civil pela despenalização, pela liberdade de escolha, pela informação esclarecida, pela igualdade de direitos e deveres perante o Estado; do outro, as forças conservadoras, a estrebuchar para manter os seus mecanismos de dominação simbólica, usando como estratégias a intimidação, a desinformação, a hábil manipulação da ignorância e a apropriação ideológica de valores que na verdade nunca foram seus (nunca vos atiraram à cara que eram anti-democráticos por defender o 'sim' e rebater o 'não'?). De um lado o respeito pela mulher e uma concepção informada do contrato social; do outro, a mentira covarde (querem mais exemplos do que as fotografias de fetos retalhados que me têm chegado à caixa de correio ou esses cartazes escandalosos com bebés e mães enternecidas?), a arrogância e a prepotência de quem conhece bem a sua influência e quais as estratégias para a manter.É um dever de cidadania não ceder, votar e assumir uma posição pública pelo sim" com as do Rick Dangerous em Miseráveis e Desprezíveis temos a conclusão aproximada do que queria dizer em choque de civilizações.
A laicidade e a escolarização mais elevada fica mais uma vez demonstrada quando comparamos os resultados distrito a distrito (ou até concelhos mais ou menos jovens e urbanos dentro do mesmo distrito):
Distritos onde ganhou o Não
Açores S31% N69% A70,5%
Madeira S34,6% N65,4% A61,4%
Vila Real S38,%1 N61,9% A64,8%
Viseu S38,5% N61,5% A62,4%
Viana do Castelo S40,4% N 59,6 A60,4%
Bragança S41% N59% A65,6%
Aveiro S44,6% N55,4% A56,7%
Guarda S46,9% N53,1% A61,5%
Braga S41,2% N58,8% A53,6
Distritos onde ganhou o Sim
Beja S83,9% N16,1% A60,2%
Setúbal S82% N18% A51,5%
Évora S78,4% N57% A21,6%
Portalegre S74,5% N25,5% A 61,1%
Faro S73,6% N26,4% A61,2%
Lisboa S71,5% N28,5% A51,3%
Santarém S65,1% N34,9% A55,9%
Coimbra S63% N37% A59,9%
Castelo Branco S61,6% N38,4% A59,4%
Leiria S58,3% N41,7% A56,1%
dados no Público de 12 Fevereiro

12 fevereiro 2007

Vitória


O futuro vence. Mais de trinta anos depois. Voltem para os vossos buracos inimigos da liberdade e da dignidade humana.

09 fevereiro 2007

Afinal?... Chamamos o médico ou a polícia?

Porque amanhã não venho cá a tempo, porque amanhã é o encerramento da campanha, porque sábado pretendo respeitar o dia de reflexão (nota mental: não esquecer de tirar os pins da mala e não pôr o Caetano muito alto no carro "...tanto espírito no feto e nenhum no marginal"):

VOTA


SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM


08 fevereiro 2007

Choque de Civilizações

Os direitos não se referendam. E o direito à saúde e à autodeterminação do corpo são direitos em referendo. Inaugurado, no entanto, o referendo sobre a IVG em 1998 só faria sentido que este assunto não transitasse agora para a legislação da assembleia e que regressasse à figura do referendo popular. Salvaguardando esta questão (muito mais uma questão que uma certeza) é impossível não ver os aspectos positivos do quadro político que se abre no contexto deste referendo. Colocar na sociedade uma pergunta permite, não só pôr em marcha e olear as correntes e engrenagens dos movimentos sociais e cívicos, bem como as relações entre estes e os partidos, ou seja, permite utilizar e treinar os instrumentos que nos levariam, em últimas análises, às democracias mais efectivas. Pedir à sociedade uma resposta permite, por outro lado, através do processo que se desencadeia assistirmos a uma clarificação das forças ideológicas que, normalmente movendo-se em águas mais ou menos profundas de lagoas, vêem à tona, procuram derrubar diques e transformar-se em rios.

Apesar do problema mais evidente, e resolúvel com a alteração da lei, ser a despenalização da mulher e o acesso aos cuidados médicos da rede nacional da saúde, eu concordo com o que diz a campanha do Não quando afirma ser esta uma questão civilizacional. Apesar das civilizações não se referendarem a questão da penalização ou não da mulher como sucede em Portugal é uma questão claramente divisória entre mundividências distintas. Não podemos dizer entre Esquerda e Direita mas podemos dizer entre passado e futuro no que o futuro tem de expectativa para todos os vivos. Claro que do lado do futuro se alinham a maioria dos partidos que gosta de se ver representado nele apesar de à direita haver quem seja mais social democrata, mais liberal, que a maioria que lidera o Partido Socialista e o governo.

07 fevereiro 2007

À espera de Godot

Ontem no Prós e Contras, o discurso da Dra. Jerónima Teixeira, a cientista tirada da cartola pelo Não, cheirou-me a esturro. A Ciência tem um método, SEMPRE seguido pelos cientistas e que não admite excepção: nesse método não há opiniões, feelings, fezadas ou convicções. Há factos provados ou não, e aproximações sucessivas. Passei o programa à espera que ela falasse na sua equipa.

Qualquer cientista sabe que quando faz um artigo sobre determinado assunto ou pensa ter provado uma certa hipótese, pode haver no mesmo momento outro cientista, noutra equipa, noutra universidade, a ter provado outra hipótese diferente. Porque os métodos de investigação podem não ser os mesmos ou as condições são diferentes... nem sequer tem a ver com a correcção da investigação! Não há Ciência absoluta, qualquer hipótese aceite, só o é momentaneamente, até nova descoberta que nos leve um pouco mais próximo da realidade. Em Ciência não há respostas certas, há respostas aceites.

Tanta sobranceria é de desconfiar. Quando se diz que os estudos publicados nesse domínio são bem conhecidos porque "são meus". Não acredito, não é possível que todos os estudos numa determinada área provenham apenas de uma pessoa. Há certamente, porque é assim em quase todas as áreas científicas, várias equipas espalhadas pelo Mundo inteiro a trabalhar no mesmo assunto.

Além disso, os verdadeiros estudos científicos, nunca "são meus". "São nossos", por definição. Não há ciência solitária, há sempre uma equipa a trabalhar.

Estas foram as ideias que me passaram pela cabeça ontem, ao ver o programa. E lá fiquei, até ao fim, resistente, à espera que a sra. falasse em equipa.

Hoje, encontrei vários artigos de pessoas que durante o dia foram procurar os estudos invocados:
Esquerda
Farpas
Sim-Referendo

04 fevereiro 2007

Zeca Afonso


No próximo dia 23, passam vinte anos da morte do Zeca. A Associação José Afonso (AJA) tem agora uma Rádio Zeca. Assim que se entra no site, abre-se uma janela ao lado onde se podem ouvir várias canções dele. Há música para muitas horas!

Além de se encontrarem no site as notícias actualizadas dos concertos e iniciativas de homenagem que vão acontecer ao longo de todo o mês e em todo o país. Estas notícias, assim como textos outros vários também costumam ser actualizados no blog da AJA, o Vejam Bem.

03 fevereiro 2007

Já temos outra vez musiquinha!

Obrigada, Farpas!

Mais uma vez este amigo da blogosfera veio salvar a animação desta casa! Eu, como boa azelha nestas coisas, tinha aprendido (com o Farpas) a pôr música no blog de uma maneira, e quando o site começou a falhar eu não soube resolver, improvisar, procurar correctamente outras saídas.

Bom, esta canção estava guardada aqui no meu computador desde a última vez que eu quis mudar a música (e acabei por desistir). Já não era bem esta que me apetecia pôr, mas por agora fica. Proximamente virei acrescentar outras, as que neste preciso momento me dizem mais.

Agora reparem bem: este leitor, é ou não é um giraço? E até deixa pôr quantas canções eu queira, e pode mudar de côr e tamanho... é só estilo! J., com um giraço destes já não tens desculpa para não pôres também as tuas músicas no blog!

Fica o Assédio muito bem entregue ao Chico Buarque a cantar "Imagina", que é uma das canções que vai ficar para a história da MPB, de tão linda que é. Muito poucas pessoas seriam capazes de escrever algo assim...

Amanhã vou estar...

... neste grande concerto:


Às 21h no Fórum Lisboa, ou em directo via net aqui.

02 fevereiro 2007

Demita-se

Nesta estou com o CDS demitam-no.


Não só afirmou em relação aos salários o que não devia nem podia sob qualquer circunstância particular de negócio, como depois afirmou que os sindicatos são forças de retrocesso, que impedem o desenvolvimento do país. Ora, mesmo que estas duas ideias estejam nas ideias do actual governo ainda leva alguma distância a poder afirmá-lo. Ainda que as políticas do actual governo conduzam na generalidade a uma situação de baixos salários e desrespeito pelas associações sindicais (Educação/Polícia por ex.) afirmá-lo como pontos de vista é, não só dizer aos eleitores directamente que cairam na trapaça PS/Sócrates como é colocar o Estado de más relações com parceiros sociais importantes (os representantos dos trabalhadores, os tais dos baixos salários, os tais a quem pediram sacrifício, os que pagam todos os impostos sem excepção) e por fim, colocar o Estado português de cócoras internacionalmente (consequência que nada me aborrece ou que só me aborrece na medida em que o que é dito é verdade e corresponde a uma realidade concreta que nos afecta a-quase-todos)

Finally!

É bom ver um país a acordar!



Pena é que ao fim de tantos anos e tantos tantos mortos, o movimento está ainda só a começar: um milhão nos EUA não representa muito. Impressiona o olho e o coração, mas não é grande percentagem de gente, na verdade. Finalmente, um princípio!
Pode ser que seja o início de uma tomada de consciência mais generalizada, que depois leve a uma maior mobilização. Com a sede de poder do tipinho, mais a doença mental que o põe a falar com um deus qualquer, será certamente preciso um movimento gigantesco para o tirar de lá.