05 junho 2009

Eleições Europeias: derrotar o real

Acho que se deve votar. O voto branco, nulo e a abstenção são ignorados pelo sistema político. O voto será sempre uma escolha relativa, táctica, prática. Se excluirmos 25% de cidadãos bafejados pela graça, a imensa maioria não se identifica com nenhum programa, líder ou sub-líder, para andar por aí em comícios ou arruadas. Deixo de lado a fauna abjecta dos directores gerais e esposas, assessores, pequenos e médios autarcas e famílias, directores de hospitais e de agrupamentos de centros de saúde, administradores delegados filhos e filhas, brochistas e esposas. Essa gente é o esteio do regime. Vive da tença. O seu entusiasmo é proporcional às ajudas de custo. Organizam-se em sociedades discretas onde tratam dos valores e da sua reprodução. Deviam ser ignorados pelas pessoas de bem.
Deixo de lado os excursionistas, os pobres de espírito, o exército de reserva, os que fazem fila para um lugar na plateia e batem palmas, sorriem, dizem ohhhh de espanto a mando dos cartazes.
Deixo de lado os rapazes de família que vêem na chatice das tarefas partidárias a tarimba para um futuro radioso.
Deixo de lado os convictos. Os militantes dos partidos minoritários. Eu tive a fé deles e a doença deles.
Mas se excluirmos os pulhas, os excursionistas e os convictos que alimentam o espectáculo do regime, o que resta é a multidão que os suporta com indulgência e agora, ao que parece, se prepara para abster.
Como tomar banho na praia, beber um copo ou dormir são actos insignificantes, é preferível a insignificância do nosso voto. Um voto contra Sócrates, que representa o pior dos últimos trinta e cinco anos: inscreveu-se no PS porque se enganou na porta, assinou projectos que simbolizam a degradação imobiliária do país interior, transformou o PS no partido dos Coelhos e dos Varas, dos Campos e dos Vitais, esteve na trapalhada do Freeport, na entrega do CCB, criou a dona Lurdes e a dona Ana, privatizou o ar e nacionalizou o BPN, foi elogiado ad nausea pelo dr. Dias Loureiro. Aos socialistas que votam nessa sêxtupla de pesadelo que assombra as rotundas da pátria- Campos e Estrela, Gomes e Estrela, Capoulas e Estrela, Vital e Estrela, Elisa e Estrela – devíamos dizer: jamais esqueceremos
Assino por baixo do Luís em a Natureza do Mal

2 comentários:

Helena Romão disse...

O voto branco e nulo não deviam ser ignorados. O esforço de votar branco é o mesmo de quem vota num partido. Tem o mérito de dar a devida importância ao acto eleitoral e aos direitos e deveres que o voto representa.

A abstenção está-se nas tintas para a Democracia. Que ela exista ou não é igual. Podem votar, mas nem se mexem do sofá. Dizem que não gostam de nenhum dos políticos, mas não fazem nada para que isso mude, nem sequer vão votar. É o cúmulo do não fazer nada.

O voto em branco/nulo é o voto da revolta contra todos os políticos, contra o sistema. É o voto expresso da revolta latente, é o ultimato de quem diz "não acreditamos em ninguém, em nenhum de vocês". Pode ser o último passo antes de sair do sistema e das regras do jogo estabelecidas. Mas é uma voz democrática e devia ser ouvida.

Não acho que a abstenção e o voto em branco ou nulo sejam a mesma coisa.

J. disse...

sim, claro que é diferente. Mas é verdade, como ele depois diz, do ponto de vista intrumental e prático (e não ideológico como o voto em branco é) o branco não redunda em nada de forma objectivs. Claro que tem um significado mas a verdade é que lá vão 22 deputados a caminho de Estrasburgo...

E viva o BE!