21 junho 2009

Che Guevara dois filmes piores que um

Estive a ver os filmes sobre o Che Guevara filmados ao estilo da série 24 por Steven Soderbergh. Um gangue de narcotráfico perdido na selva seria igualmente empolgante... Estes dois filmes conseguem fazer da Revolução Cubana e da guerrilha treinada por Che Guevara nas montanhas bolivianas durante um ano algo de terrivelmente chato e desafeiçoado. Apesar da vida-como-ela-é ser, com frequência, no quotidiano enquanto acontece, bastante diferente das fantasias à volta de acções plenas de significado histórico e mitológico, o merchandising não é suficiente para vulgarizar ou banalizar alguém com a envergadura do argentino Guevara. Alguém que justamente, tendo filhos e uma vida relativamente tranquila por que esperar, passa um ano no meio de uma selva com fome e sacrifícios, arriscando a vida e acabando por perdê-la num processo que dificilmente chegaremos a perceber terá perdido por dificuldade de noção ou visão política ou se foi traído -pelo abandono dos apoios-e deixado à sua sorte. Benitio del Toro, belíssimo, com a ingrata tarefa de representar uma das pessoas com a imagem mais mediatizada do planeta, é firme, talvez lhe falte o sorriso e o sonho, como faltam nos dois filmes, que ficam tão desapaixonadamente aquém. O desfecho da guerrilha de Ghe faz-me acordar para a frase sobre o comunismo e a juventude do mundo. Não no sentido ontológico do mundo, como se fosse começar de novo, uma nova cronologia a.C. e d.C., mas que o comunismo é, em tempos históricos, muito jovem. Apesar de ser tão antiga como a história dos homens, o homem predador do homem e o homem lutando contra as suas circunstâncias e contra os seus predadores. De forma consequente, coordenada, ideológica e eficaz, esta história tem pouco mais de 150 anos. Estamos no princípio.

3 comentários:

Joel Pear disse...

Também fui ver o primeiro filme do Che Guevara no inicio do ano e fiquei tão decepcionado que nem vi o segundo. Faltou a eloquencia de uma das personalidades mais importantes da história do século XX. É um filme ruminante e aborrecido sobre um tema que, apesar de não ser fácil de passar para o cinema, podia e devia ser muitissimo mais interessante. que desperdicio. os nomes envolvidos prometiam algo muito melhor.

J. disse...

olá Joel
Estamos de acordo.
já andei a espreitar o teu blogue.
N tens visto filmes? Ou andas ocupado a fazê-los?

saudações cinéfilas
J.

Joel Pear disse...

Lool. Pois...
por acaso ando ocupado com um certo projecto. Ver no que é que dá. Pelo menos, divirto-me.
Pode ser que me tire do marasmo da faculdade e me faça esquecer os exames que me andam a moer a cabeça e a privar-me das minhas idas ao cinema...
Quando tiver acabado o filme, lá pó fim do verão, sou capaz de o meter no blog.