09 outubro 2008

Nem menos nem mais direitos iguais

Amanhã é um dia histórico. Discute-se na assembleia da república a possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A moratória de Sócrates sobre o dever de voto na bancada socialista é obscena. Não tem outra palavra. E vem provar que os homossexuais são como qualquer outro ser, o primeiro-ministro é disso um vergonhoso exemplar. Não só sobre a sua opção em esconder para presumir uma eleição(que julgo uma presunção correcta) e mesmo a existência de uma vida política ( e sobre os efeitos nefastos de tamanha hipocrisia,não só na sua vida mas nas demais). Ainda que, no que nos diz respeito a todos, este não seja o seu pior crime. Se bem que esta ideologia dos hábitos e costumes não possa ou não deva ser separada das opções políticas, da mesma forma perniciosas, opacas, com falta de um empenho de coração, a falta total de uma ideologia. Se no plano genérico e económico é isso hoje tão facilmente reconhecido ao PS, amanhã quando os deputados deste partido votarem contra não é de outra coisa que estamos a falar. De qualquer forma não deixa de ser um dia importante para todos os homossexuais livres (e não só) deste país. Apesar de ouvir, como hoje no trabalho, que há assuntos mais importantes a tratar- como se a igualdade entre cidadãos fosse uma questão pequenina no contrato político a que estamos vinculados uns com os outros (Constituição?)- ou como se numa sociedade geradora de tantas desigualdades houvesse umas mais importantes do que outras (olha pá, n me importo que me paguemmenos que o meu colega por ser mulher porque há pessoas sem recursos para se tratarem nos hospitais públicos). As uniões de facto, ainda que consagrassem todos os direitos e garantias a que estão reservados os casamentos não seria suficiente para colocaras coisas no lugar. Porque a verdade é que as instituições sociais, como o casamento, configuram de forma simbólica o que uma sociedade tem como legitimado, e ao não legitimar, através do casamento ou da adopção, os casais do mesmo sexo, só estamos a afirmar que estes podem viver a sua vidinha desde que tuteladospor uma maioria silenciosa que norteia e normaliza empurrando para a sombra quem da sombra quer sair. Será preciso lembrar que não podemos viver em liberdade quando há pessoas na sombra

1 comentário:

Anónimo disse...

Olà Jo!

acho que é igualmente triste haver deputados que aceitam uma qualquer disciplina de voto que não lhes vem da consciência mas que é imposta por vontades (e decisões) alheias. Nesse dominio o Manuel Alegre esteve exemplar ao simplesmente não aceitar que alguém tome por ele as suas decisões.
E obviamente a questão de saber se hà problemas mais ou menos relevantes não faz sentido colocar-se: todos os dias são discutidos e aprovados na assembleia da republica propostas sobre uma infinidade de temas diferentes, em plenàrio e discutidos em comissões parlamentares; acho que até agora ainda ninguém se lembrou de suspender as diversas comissões parlamentares e os debates agendados até fim do ano, apenas para resolver o problema do desemprego e da crise financeira. Até porque um combate sério ao desemprego e politicas economicas interventivas que procurem combater as desigualdades sociais não são agendàveis e não deverão parte de nenhuma agenda nem programa de governo nem para 2009 nem para 2029; tenho dito (aplausos - desço da tribuna)