30 novembro 2007
Antes água do cano de chumbo
As Panteras Rosa fizeram uma campanha de apoio à campanha da cerveja Tagus (que já nos habituou a publicidades sexistas- são anormalmente típicas em Portugal- e agora ultrapassou todos os limites que a inteligência humana ainda concede por estes dias)
28 novembro 2007
Fátima Bonifácio
Fátima Bonifácio, convidada na Câmara Clara, afirma que lhe cabe a função, enquanto
historiadora, de descobrir ou perceber o que pensavam os homens em determinado momento no passado. Será mais a de perceber o que pensamos no presente sobre determinado momento no passado. E só assim faz sentido. Determinar que conjunto de valores se projectam no olhar do presente sobre o passado é o que temos ao nosso alcançe. Quando a mesma Fátima Bonifácio põe no mesmo saco Nazismo e Luta de Classes não está a fazer outra coisa que a perspectivar os seus códigos de valores e entendimentos (claramente discutíveis). Ao afirmar aquela função para si enquanto historiadora está, nitidamente, a atribuir-se-ou a querer- aos seus discursos uma cientificidade inquestionável, sabendo todos que longe está de o não ser. Faz lembrar aquele discurso positivista (falso) da objectividadedo. Gosto e acho que deviamos querer aqueles que dizem ao que vêm.
historiadora, de descobrir ou perceber o que pensavam os homens em determinado momento no passado. Será mais a de perceber o que pensamos no presente sobre determinado momento no passado. E só assim faz sentido. Determinar que conjunto de valores se projectam no olhar do presente sobre o passado é o que temos ao nosso alcançe. Quando a mesma Fátima Bonifácio põe no mesmo saco Nazismo e Luta de Classes não está a fazer outra coisa que a perspectivar os seus códigos de valores e entendimentos (claramente discutíveis). Ao afirmar aquela função para si enquanto historiadora está, nitidamente, a atribuir-se-ou a querer- aos seus discursos uma cientificidade inquestionável, sabendo todos que longe está de o não ser. Faz lembrar aquele discurso positivista (falso) da objectividadedo. Gosto e acho que deviamos querer aqueles que dizem ao que vêm.
25 novembro 2007
Faz-se o que se pode
Mário Soares disse, em entrevista à TSF e DN, que o PS devia virar mais para a esquerda. Vitalino Canas responde Faz-se o que se pode
20 novembro 2007
Não passes por mim no Terreiro do Paço
Quando começou a iniciativa Terreiro do Paço aos domingos sem carros experimentei apanhar um autocarro e demorei 50 minutos a chegar ao mesmo lugar onde de carro demoraria 10. Creio que esta deve ser a razão mais forte pelo uso intenso do carro em Lisboa. A maioria dos percursos demora quase o triplo do tempo a fazer de transportes públicos e se a gasolina é mais cara o tempo que se poupa tem um preço bem elevado. Depois e o mais importante, porque é que o Terreiro do Paço não há-de ter carros ao domingo?Fechar ao trânsito automóvel alguns bairros tradicionais-também-chamados-históricos parece que deu resultados positivos, fechar a baixa ou parte dela também parece ou pode ser ideia interessante. Agora o interesse que tem para viver a pé ou de bicicleta a cidade os carros desviarem-se (com filas de meia-hora) de uma praça aos domingos é nulo. E o Terreiro do Paço é um enorme, espectacular, simbólico espaço aberto, espaço vazio que cumpre uma função com esse vazio (como bem sublinharam Walter Rossa e Diogo Lopes, Público 6/11). E que através dele deviamos chegar ao rio ou à cidade se o virmos do rio e não chegamos porque os tapumes junto à linha de água são a marca de Lisboa há tempo demasiado. E nele até podemos ter uma árvore gigante de natal- que é muito mais bonita vista ao longe ou de passagem-ou um assador gigante ou um arraial gay- muito mais conseguido nos paços do Concelho ou mesmo no Parque do Calhau- mas isto são ocupações/usos eventuais e não uma tentativa de ocupar em permanência um espaço não vocacionado para esse fim. Sr. António Costa, há tantos acontecimentos em tantos espaços na capital aos domingos, porque não apoiá-los?
9 anos depois
Abdullah Ocalan viu comatada a sua pena de morte em prisão perpétua, por pressões internacionais sobre a Turquia que acabou entretanto, também, por reconhecer oficialmente a zona curda dentro do seu país, tendo sido formado um governo local mas com fortes restrições -a língua curda, por exemplo, pode ser falada e ensinada mas não no ensino oficial. O PKK foi considerado uma força terrorista por EUA e UE o que tem dado motivos à Turquia para fazer incusões destrutivas nas aldeias curdas como têm dado conta as reportagens que José Rodrigues dos Santos fez no local nas últimas semanas. Nelas, também se dá conta da enorme expectativa que curdos têm na entrada da Turquia na UE, esperando com isso ver garantidas algumas elementares liberdades.
07 novembro 2007
O nacionalismo social (fim)
A 7 de Novembro de 1978 25 pessoas reúnem-se e fundam o PKK . A 12 de Setembro 1980 dá-se um golpe militar na Turquia levando à criação de uma Junta de governo de generais. Esta Junta lança um ataque maciço e prende centenas de pessoas, grupos políticos turcos são obrigados a emigrar para a Europa.
Em 15 de Agosto de 1984 o PKK inicia a luta armada, através do ARGK, Braço de Libertação Armado do Povo, que contou logo desde o início com cerca de cinco mil combatentes, homens e mulheres (a luta pela emancipação da mulher faz parte do programa do partido). Esta luta levou à morte cerca de 35 mil pessoas. até hoje. Confrontado com a acusação de terrorismo o PKK diz ter sido a isso obrigado pela Turquia que não lhe deixou outra alternativa. A não ser a liquidação do seu povo. Na Turquia vivem 12 milhões de curdos, num conjunto de cerca de 25 milhões (incluindo os que vivem na Europa), representam cerca de 10% da população nesse país, que não os reconhece como grupo étnico minoritário e subsequentemente não reconhece a sua língua, a sua cultura, a sua história. Entre os guerrilheiros das montanhas encontram-se muitos estudantes universitários, inclusive estudantes de nacionalidades europeias. É também nos estudantes que o PKK procura as suas grandes bases de apoio enviando militantes para Universidades de todo o mundo a fim de aprenderem línguas e poderem defender a outro nível a nacionalidade
Mantêm ao mesmo tempo um contacto muito estreito com os camponeses e as classes mais pobres, que são o seu principal suporte. A queda do bloco soviético não perturbou a sua acção antes têm conseguido estreitar os laços com os partidos e movimentos de todo o Curdistão bem como com organizações internacionais. Criaram delegações em vários países ocidentais, que funcionam como embaixadas diplomáticas. Formaram, inclusive, um governo em exílio, eleito por um Parlamento de 300 pessoas de todo o Curdistão. Têm, ou dão apoio não explícito, à primeira televisão curda (MED_TV), sediada em Bruxelas, que é vítima de constantes ataques. Este órgão permitiu pela primeira vez aos milhares de curdos espalhados pela Europa ter contacto com a sua cultura bem como aos curdos de todo o Curdistão. Constitui uma forma inequívoca de fazer com que os curdos entendam que são os mesmo vivendo na Síria, no Irão, no Iraque ou na Turquia, ou seja, não sendo os mesmos partilham de uma mesma matriz cultural que identificam claramente.
O nacionalismo curdo não sobreviveria nem atingiria tamanhas proporções se se tratasse de uma ilusão ou de uma simples reacção às perseguições que têm sido perpetradas contra este povo nos últimos anos, embora seja óbvio que elas contribuem também de forma inequívoca para o exacerbamento deste nacionalismo
“Em termos militares, a independência dos Estados pequenos depende de uma ordem internacional, qualquer que seja a sua natureza. Que os proteja de vizinhos mais fortes e predatórios, como o demonstrou de imediato o Médio Oriente após o final do equilíbrio das superpotências.(...) O estabelecimento de mais alguns Estados pequenos iria somente aumentar o número de entidades políticas inseguras”.
Talvez possamos concordar com Hobsbawm, que os movimentos nacionais já não façam parte da dinâmica actual da História, como um programa político que foi nos séculos XVIII e XIX. “ É, no máximo, um factor de complicação, ou um catalisador para outros desenvolvimentos”. O outro desenvolvimento é neste caso a ideia nacional não como “a derradeira garantia” mas como a rejeição de um modelo de sociedade predatória que faça necessariamente dos pequenos os limites da exploração.
Hobsbawm, Eric, Idem, p.174.
Ibidem, p.180.
Ibidem, p. 165.
Josina Almeida, O Nacionalismo Curdo à luz de Hobsbawm - História dos Nacionalismos, FLUL, 1998
Em 15 de Agosto de 1984 o PKK inicia a luta armada, através do ARGK, Braço de Libertação Armado do Povo, que contou logo desde o início com cerca de cinco mil combatentes, homens e mulheres (a luta pela emancipação da mulher faz parte do programa do partido). Esta luta levou à morte cerca de 35 mil pessoas. até hoje. Confrontado com a acusação de terrorismo o PKK diz ter sido a isso obrigado pela Turquia que não lhe deixou outra alternativa. A não ser a liquidação do seu povo. Na Turquia vivem 12 milhões de curdos, num conjunto de cerca de 25 milhões (incluindo os que vivem na Europa), representam cerca de 10% da população nesse país, que não os reconhece como grupo étnico minoritário e subsequentemente não reconhece a sua língua, a sua cultura, a sua história. Entre os guerrilheiros das montanhas encontram-se muitos estudantes universitários, inclusive estudantes de nacionalidades europeias. É também nos estudantes que o PKK procura as suas grandes bases de apoio enviando militantes para Universidades de todo o mundo a fim de aprenderem línguas e poderem defender a outro nível a nacionalidade
Mantêm ao mesmo tempo um contacto muito estreito com os camponeses e as classes mais pobres, que são o seu principal suporte. A queda do bloco soviético não perturbou a sua acção antes têm conseguido estreitar os laços com os partidos e movimentos de todo o Curdistão bem como com organizações internacionais. Criaram delegações em vários países ocidentais, que funcionam como embaixadas diplomáticas. Formaram, inclusive, um governo em exílio, eleito por um Parlamento de 300 pessoas de todo o Curdistão. Têm, ou dão apoio não explícito, à primeira televisão curda (MED_TV), sediada em Bruxelas, que é vítima de constantes ataques. Este órgão permitiu pela primeira vez aos milhares de curdos espalhados pela Europa ter contacto com a sua cultura bem como aos curdos de todo o Curdistão. Constitui uma forma inequívoca de fazer com que os curdos entendam que são os mesmo vivendo na Síria, no Irão, no Iraque ou na Turquia, ou seja, não sendo os mesmos partilham de uma mesma matriz cultural que identificam claramente.
O nacionalismo curdo não sobreviveria nem atingiria tamanhas proporções se se tratasse de uma ilusão ou de uma simples reacção às perseguições que têm sido perpetradas contra este povo nos últimos anos, embora seja óbvio que elas contribuem também de forma inequívoca para o exacerbamento deste nacionalismo
“Em termos militares, a independência dos Estados pequenos depende de uma ordem internacional, qualquer que seja a sua natureza. Que os proteja de vizinhos mais fortes e predatórios, como o demonstrou de imediato o Médio Oriente após o final do equilíbrio das superpotências.(...) O estabelecimento de mais alguns Estados pequenos iria somente aumentar o número de entidades políticas inseguras”.
Talvez possamos concordar com Hobsbawm, que os movimentos nacionais já não façam parte da dinâmica actual da História, como um programa político que foi nos séculos XVIII e XIX. “ É, no máximo, um factor de complicação, ou um catalisador para outros desenvolvimentos”. O outro desenvolvimento é neste caso a ideia nacional não como “a derradeira garantia” mas como a rejeição de um modelo de sociedade predatória que faça necessariamente dos pequenos os limites da exploração.
Hobsbawm, Eric, Idem, p.174.
Ibidem, p.180.
Ibidem, p. 165.
Josina Almeida, O Nacionalismo Curdo à luz de Hobsbawm - História dos Nacionalismos, FLUL, 1998
05 novembro 2007
Passa a outro e não ao mesmo
A Ana Cláudia passou-nos este meme (!): pegar no calhamaço mais próximo, transcrever a quinta frase completa da página 161, depois contaminar outros cinco blogueiros.
"-Oh! Tivesse eu os meus preciosos olhos, para poder contemplar o seu rosto!- exclamaram eles ao mesmo tempo"
William Beckford, A corte de D. Maria I, Frenesi
retirado dos seus escritos de viagem Italy with sketches from Spain and Portugal
E como é delicioso, e se recomenda a todos quantos partilham o interesse pela história da cidade de Lisboa e arredores no século XVIII, transcrevo também a 6ª frase:
"Foi crescendo assim o dueto com o tempo,e coxos, mancos e sarnentos, atando os ensebados barretes no extremo de compridas varas, meteram-nos pelas grades da varanda, clamando e voz alta:-Esmola pelo amor do Santo de Lisboa!"
Passo a bola à Ana e à Inês, ao Venus as a boy , à Rita e à Helena Romão
02 novembro 2007
Pobres casados
A Associação de Famílias Numerosas tem vindo há cerca de oito anos a reclamar a equiparação a pais casados ao que já existe para pais separados ou divorciados em termos de regimes de isenção em sede de IRS. O seu presidente João Castro, esta semana, em entrevista à Rádio Europa, diz já contar com o apoio do CDS e do BE. E diz também o seguinte: “os pais que se separam têm um aumento de qualidade de vida entre 10 a 20% “ porque podem isentar mais ou menos esta percentagem a mais com as despesas dos seus filhos. Já conhecemos mais ou menos esta Associação e as preocupações que tem pela (sua) natalidade mas vir sugerir o contrário do que é do mais senso comum - um dos constrangimentos do divórcio não é a questão económica? - e receber o apoio de partidos como o BE já é um bocadinho de abuso. Diz ainda o sr. João Castro: “o alargamento do horário escolar não é uma política para a família. Porque a família está separada.” Não nos disse quantos filhos tem o sr. João Castro e quantas vezes ia multiplicar o valor a deduzir em sede de IRS mas com a ausência de preocupação sobre a ridícula rede do pré-escolar e com esta frase lapidar percebemos o que realmente importa a esta Associação
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