Este crítico será um exemplo em que nem sempre a lente de classe/ideológica consegue destituir todas as áreas de pensamento. Talvez aconteça eu gostar do que ele escreve sobre livros porque a sua área de pensamento política é muito inconsistente. Se ele fosse um direitoso a sério, com uma posição bem sustentada ideologicamente, provavelmente isso inundaria todas as categorias de análise do mundo ao seu dispôr.
Dou como exemplo este texto onde diz: Basta comparar o que se passa cá, em matéria laboral, com o que se passa nas sociedades avançadas, para avaliar o anacronismo de algumas conquistas. Inclino-me muito a acreditar que é uma tentativa de repetir o que reteve vagamente de pessoas que admira. Se assim não fosse teria de dizer o que entende por sociedades avançadas (se quiser falar nos nórdicos suecos ou finlandeses não estaremos em desacordo) e afinal dizer-nos que códigos de trabalho têm eles.
A nossa anacronia é a desta falta de pudor em repetir chavões por virem da zona da mesa de refeição com que nos identificamos sem verificarmos, por um momento, da imbecilidade que reproduzimos. É bem fácil de ver, com exemplos destes amiúde, que será mais fácil encontrar a justificação para o atraso económico a que chegou o país no atavismo e anacronismo da nossa massa empresarial-da nossa burguesia (tão bem ilustrada aqui neste crítico de mesa de restaurante)- do que nas condições em vigor e em desmantelamento no código laboral. Basta, como diz Pitta, olhar para as sociedades avançadas.