A exposição de um fóssil humano, de um esqueleto num contexto arqueológico, de uma múmia é sempre uma exposição sobre aquele ser-humano. O centro da investigação, o interesse vai ao encontro da vida que pertenceu àquele corpo (ou vice-versa). O seu corpo não é separável de si ao contrário da exposição que está em Lisboa onde corpos que pertenceram a pessoas (ou vice versa) são utilizados separados de si.
O corpo não é separável do espírito, como quer a Igreja. Há o espírito que opta por doar o seu corpo a ciência e ela recebe-o. E os profissionais terão de operar a cisão para bem do seu ofício. Como nós, nos afazeres vários temos de separar tantas vezes as partes do todo e deixá-las assim. Mas existe realmente algum interesse em ver corpos verdadeiros embalsamados? Corpos a que(m) foi retirada a dignidade ao serem separados de forma gratuita da vida que lhes deu razão. Sinal, muito provável, que a dignidade há-de ter sido roubada ainda em vida.
1 comentário:
É pá, estamos em sintonia! Pensei que não gostaria nada de ver aquela exposição. Muitos dos ditos corpos doados à ciência são de desem-abrigo, pessoas sem identificação, os Jonh Doe.
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