Mulheres em medicina sim,
retrocessos não!
Apoiando as declarações do presidente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar de que deveriam existir quotas masculinas para os cursos de medicina, o senhor Ministro da Saúde fez a notável revelação:- as mulheres estão menos disponíveis para uma profissão que requer 24/24 horas, porque têm as responsabilidades domésticas e familiares.
Apraz-nos perguntar: O que dirá o senhor ministro das enfermeiras e das auxiliares de saúde ? Serão as mulheres que trabalham na área da saúde menos competentes e empenhadas que os seus colegas homens? O que faz o senhor ministro pensar que as responsabilidades familiares só têm de recair sobre as mulheres?
Estranha e não imbuída de ingenuidade ou de razões paritárias surge a actual preocupação sobre o défice de homens nos cursos de medicina. Para quem nunca se preocupou com qualquer sistema que garantisse o equilíbrio de representação de género no poder político estas recentes motivações são pouco claras. E, importa, de novo, perguntar: - as mulheres representam 45% dos médicos (2001), mas qual a percentagem de mulheres em cargos de direcção nos serviços hospitalares e nos centros de saúde? O défice é muito grande mas será que constitui motivo de preocupação para os actuais convertidos à causa das quotas?
Há posições que revelam intenções de retrocessos civilizacionais inadmissíveis como seja o de limitar o acesso das mulheres a profissões qualificadas até agora dominadas por "lobbies masculinos", porque elas devem continuar a ter como principal missão a casa e a família.
Há declarações que não podem ficar incólumes quando partem de membros responsáveis do governo. As declarações do ministro da saúde colidem com o texto da Constituição da República Portuguesa (artigos 13º, 36º e 68º).
Deste modo, exigimos que o senhor ministro da saúde se retrate e que os grupos parlamentares da Assembleia da República, órgão de soberania a quem compete a responsabilidade de "apreciar os actos do governo" exijam junto do Ministro da Saúde esclarecimentos sobre as suas declarações. Caso contrário, só resta uma saída digna - a demissão do Ministro da Saúde.
Adélia Pinhão (médica); Alice Frade (antropóloga); Alice Martins (jurista); Almerinda Bento (professora); Ana Augusta Matos (Bióloga); Ana Campos (ginecologista); Ana Matos Pires (médica); Ana Monteiro Ferreira (investigadora); Ana Silva Pinto (médica); Ana Sara Brito (enfermeira); Cláudia Conceição (docente e investigadora na Escola Nacional de Saúde); Clara Queiroz (Bióloga); Conceição Nogueira (professora universitária); Diana Andringa (jornalista); Elisabete Brasil (jurista); Fernanda Henriques (professora universitária); Filomena Delgado (jurista); Fina D' Armada (historiadora); Guiomar Favinha (administrativa); Helena Costa Araújo (professora universitária); Cecília Eira (médica); Helena Pinto (animadora sócio-cultural); Helena Lopes da Silva (cirurgiã); Isabel Allegro de Magalhães (professora universitária); Isabel do Carmo (médica); Isabel Cruz (técnica sup. da adm. local); Isabel Rebelo (técnica de intervenção social); Isabel Vinhas (médica); José Hipólito dos Santos (economista); José Miguel Silva Pinto (médico); Laura Fonseca (professora universitária); Lígia Amâncio (professora universitária); Luís Sousa (arquitecto); Luisa Corvo (Bio-química); Manuela Tavares (professora); Maria José Alves (médica-ginecologista); Maria José Magalhães (professora universitária); Maria José Mestre (professora); Margarida Amélia; Paula Botelho Gomes (professora universitária); Rita Domingues (antropóloga); Teresa Cunha (professora); Teresa Joaquim (professora universitária); Teresa Pinto (investigadora); Dimitilde Gomes /advogada); Ana Pina Cabral (Advogada)
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