08 outubro 2016

Dans la ville blanche

A cidade branca de Alain Tanner é um filme sem rumo, sem nada que o segure a não ser a promessa do início, quando um marinheiro suíço desembarca em Lisboa e se filma na Rocha Conde de Óbidos. Isso e a fabulosa Teresa Madruga.


O resto é uma colecção de clichés de alguém que aterra na cidade e como Wim Winders quer fazer um guião sobre as suas impressões naquilo que resulta num postal ilustrado. Assoberbado com o Tejo e com a pobreza das gentes, as melhores incursões são aos balcões das tabernas. A câmara é errática como o próprio filme, sente-se a sua presença o tempo todo anunciando pressa, amadorismo, uma falta de perspectiva, ou as três em conjunto. As imagens em filtro são para acentuar a tristeza das paredes pobres, velhas, descascadas. "E há uma empregada de quarto, com um diamante negro entre as pernas," anuncia por carta à sua namorada, que o espera na aborrecida e rica cidade, a mulher que encontrou neste sul decadente, sítio abandonado onde se pode também abandonar por um tempo, fugindo ao trabalho e às rotinas. 
Há no entanto uma verdade neste filme sobre Lisboa. Os bairros mais antigos da cidade estavam assim há 33 anos. Abandonados, pobres, em ruínas. E as suas gentes tinham-se habituado a viver assim. 



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