09 julho 2008

O futuro ainda é o que era

Fui ao Braço de Prata ver o colóquio Esquerda: uma política para o gosto? inserido na iniciativa 1001 culturas organizado pelo Miguel Portas. A ausência de Manuel Gusmão, justificada pelo monolítismo estéril que grassa pela direcção do pcp, e o atraso descontraído de 45 minutos, a dar a ideia de que estes encontros de fazem entre amigos, não augurava nada de bom. Não fosse a comunicação de António Guerreiro e nada de bom tinha de facto acontecido. Manuela Ribeiro Sanches apresentou um texto tão certo e redondo e generalista que podia ser lido num colóquio sobre alterações climáticas, alimentos trangénicos,a comunidade guineense em Roterdão ou a política de emigração da Europa. Apesar de António Guerreiro ter sido o único a trazer uma comunicação no âmbito do tema, propondo inclusive que este fosse alterado para uma política do gosto em vez de para ogosto, dados os mal entendidos que este para pudesse sugerir, ainda recebeu no final, por parte do moderador Miguel Portas e da outra conferenciasta a opinião de que o que tinha ali trazido sobre esquerda e direita na literatura era desprovido de interesse (interesse operativo no dizer de Portas). Disse Ribeiro Sanches, o que me interessa e o que é importante hoje são as migrações,o multiculturalismo, as relações com o Outro... Estes dislates permitem-me concluir ou ser levada a concluir que, longe de querer organizar um ciclo de debates e conferências sobre as 1001 culturas, Miguel Portas deveria ter organizado um ciclo de reuniões entre militantes e simpatizantes onde pudessem discutir as tácticas ou estratégias para a cultura (1001 novesforazero). Poupava os seus convidados ouvirem que o seu pensamento ou conhecimento não tem interesse e poupava umas quantas pessoas de irem ao engano.

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