25 novembro 2004

25 de Novembro

Aqui há uns dias assistimos na rua à detenção de uma imigrante supostamente ilegal. Dois polícias pedem identificação a uma rapariga jovem, pobremente vestida, com aparência estrangeira, que vendia pensos rápidos em Algés. A coisa parece prometer, um deles ri-se e chama reforços pelo walkie talkie. Estaremos perante o desmontar de uma rede criminosa? Alguns vizinhos: pobre rapariga, anda cá há tanto tempo não faz mal a ninguém, outros calados, de um silêncio resignado ou perplexo. Aproximo-me, pergunto sob que direito estão a pedir a identificação àquela pessoa. O polícia mais novo pára de rir e fica mudo. Talvez a minha voz o tenha incomodado e tenha percebido que não estava em nenhuma operação Miami Vice. Respondem-me, depois de me darem uma lição sobre a diferença entre ser preso e detido, que podem pedir a identficação sempre que se justifique perante enunciados legais como a pessoa ser procurada ou suspeita de crime. A rapariga, que nunca disse uma palavra em português e a quem ninguém dirigiu uma palavra noutra língua que fosse, prefigurava o crime de não ter papéis. Racismo e discriminação neste pressuposto ainda que seja confirmada a suspeita. Outro polícia aparece. O Rui pede informações e identificações como jornalista, mandam-no abandonar o local e recusam-se a abrir a boca. Mais dois polícias aparecem, estes mais velhos e mais incomodados por terem de incluir isto nos seus afazeres. Querem que ela vá embora, mas ela não mostra identificação diz a dupla inicial. Levá-la para a esquadra e telefonar ao SEF. FDP
O carro vem, ela chora, apetece-me gritar-lhes obscenidades, alguém na rua diz baixinho, vão é para a vossa terra. Onde é que ela está agora?

18 novembro 2004

Gerónimô....

"Embora se considere que, nesta fase, se trata de um assunto essencialmente da esfera da vida interna do PCP, julga-se entretanto adequado tornar público que está em curso, no âmbito do processo de construção de uma solução baseada no trabalho colectivo, uma informação e auscultação aos membros do Comité Central sobre a inclinação consensualizada a que se chegou nos organismos executivos no sentido de uma proposta de eleição de Jerónimo de Sousa como Secretário-geral do PCP, a apresentar ao novo Comité Central (a eleger no 17º Congresso) para sua decisão soberana. " PCP

03 novembro 2004

A governamentalização do Ministério da Educação

Em Dezembro do ano passado o governo aprovou um Decreto que estabeleceu as regras novas deste último concurso de professores. Portanto, um decreto a um mês de ser posto em prática. Era urgente. Entretanto inúmeros serviços do ME foram extintos (ex:os centros de acção educativa) serviços e pessoal que participava na realização destes concursos de forma mais descentralizada. Afinal estamos a falar de todos os níveis de ensino, desde o pré-escolar até ao 12º ano. Em causa estão factores de corte nas despesas, menos funcionários, menos serviços. Tudo na linha programática do governo. Até aqui tudo perceptível. Entretanto gasta-se uma pipa de massa para uma empresa informática de amigos e este é o concurso com mais erros na história de colocação de professores em Portugal. Todos perdem menos aqueles que querem instrumentalizar o Ministério da Educação, afinal desde há quanto tempo não víamos um ministro a ditar sentenças no funcionamento directo de um serviço, de um concurso?"Eu disse, eu mandei, eu fiz assim,eu averiguei". As mãos na massa toda. Todos perdem menos aqueles que face ao desastre podem ver finalmente avançar a escola do compadrio, a escola sem critérios. Em virtude das vagas que ficaram por ocupar em inúmeras escolas foram colocados as ofertas dessas vagas pelas próprias escolas em jornais (como todos temos a oportunidade de ver nos classificados por aí). Nada de errado se o Decreto/Lei 35/2003 não tivesse retirado a obrigatoriedade das escolas, nas ofertas directas de vagas, respeitarem os critérios do concurso nacional. Ou seja, se o concurso não tiver credibilidade tanto melhor porque assim temos agora as escolas públicas por esse país fora a escolher os seus professores como tivemos o ministério da educação a escolher a empresa de informática dos amigos.

so long dear

Deco abandonou, fugiu, traiu o assédio. Mudou-se aqui para o lado numa casa fresca, nova, a apitar. Pensar que assistimos aos seus primeiros passos bloguíticos e que hoje se aventura em altos voos p`la Blogosfera e ainda na idade dos porquês.
Espero que tenha sido tão bom para ti como foi para o Assédio. Também se jogava spectrum em Moçambique? Até já