17 fevereiro 2004

"Por vezes é-se de esquerda por se ter nascido de esquerda. Uma nobreza herdada permite mostrar com orgulho uma genealogia do estilo. O catastrófico declínio da esquerda norte-americana enquanto movimento social,a forma como o seu húmus tem secado, interessam menos. Com frequência a esquerda encarna uma simpatia superior pelos desfavorecidos, não o seu movimento com vista à transformação da sociedade. quando as suas fileiras se reduzem, significando que irá tornar-se mais difícil obter assistência médica universal ou o direito de representação sindical, para uma parte da esquerda americana isso confirma, pelo contrário, um incremento do inconformismo a que está afeiçoada e a "criatividade" das ideias "rebeldes" que ela defende.

Insurgirem-se contra os "parolos" que agitam bandeiras estreladas torna-se então mais importante do que convencê-los a aderirem a um combate político com vocação maioritária. Porque muitas vezes, nos Estados Unidos, ser de esquerda não é fazer causa comum com o povo americano, é pregar-lhe sermões, corrigi-lo, apontando a dedo cada uma das insuficiências"
Tom Frank , A América que irá votar em George Bush, Le Monde Diplomatic, Fevereiro 2004.


quando leio o blogue do Miguel Vale de Almeida -e isto p ir respondendo ao texto terrorismo cultural que aqui anda- sinto que o Tom Frank poderia falar noutras esquerdas que não só a norte-americana.

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