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Não deixa de me surpreender o apetite que as empresas ainda estatais em Portugal geram nos grupos económicos. Nem a forma como os políticos aceitam ser o suporte governamental a esse assalto aos bens, que supostamente deveriam ser e estar ao serviço de todos os cidadãos. Já agora, expliquem qual o interesse de privatizar o sector da saúde e segurador da CGD, ou seja, empresas como o Hospital dos Lusíadas e os seguros de saúde Multicare, que não seja possibilitar que os seus lucros sejam auferidos pelos privados que as adquirirem? E para quê privatizar mais uma parcela do sector das águas? Para mais quando se sabe que a água potável é um recurso natural em desaparecimento. Será que, além de prosseguir na missão de entrega dos bens públicos a privados, Passos não tem outras propostas para o país? Aguardemos pelo fim do programa eleitoral para aferir se Passos é um candidato a primeiro-ministro com dimensão nacional ou apenas um chefe de partido que une os militantes na voragem do assalto aos cargos e aos empregos da administração e à venda de bens públicos. Por agora, só mais uma pergunta: e quando não houver nada para vender? Qual o projecto de Passos para além de se comportar perante o Estado português como um gestor de empresa em fase de liquidação? "
São José Almeida, "E quando não houver mais nada para vender?", Público, 2.04.11