20 outubro 2009

A Cidade é a Festa

As festas da Cidade este Verão confirmaram a tendência assumida nos últimos anos aqui e ali, pela mão de privados, dos poderes públicos e por tudo aquilo que fica pelo meio. Descobriu-se que a cidade é o melhor palco para se celebrar a ela própria e que o espaço ao ar livre, numa cidade exposta aos bem aventurados tempos do sol mediterrânico e dos ventos atlânticos, favorece, como em todo o meridiano temperado, a vida fora de portas. Mais cosmopolita viu os jardins encherem-se de gente, finalmente. E as obras de recuperação dos espaços verdes acompanham. Mais cosmopolita vê as ruas encherem-se de bicicletas, e a ciclovia segue a par e pedalada. Mais cosmopolita vê as feiras multiplicarem-se aos sábados domingos e feriados. Os Arts`nd Crafts, os produtos biológicos (que ainda têm pouco de sustentável) as velharias, os livros usados. Todos os cafés multiplicam os lugares de esplanada, já pelo Inverno adentro. Há uns anos todos se queixavam da falta de esplanadas na capital. Abriram quiosques à antiga onde se bebe a bica com a cabeça sob as árvores.
As festas da Cidade de Lisboa este ano tiveram o grande mérito de perceber esta mudança do paradigma da vivência do espaço público, esta necessidade da vivência do espaço público, e encontrou formas, no cinema ao ar livre espalhado por sítios inéditos e supreendentes, a música nas praças tirando partido dos miradouros. Espalhou iniciativas, levando-as a vários lados preterindo assim a lógica dos grandes eventos (reduzidos também a pouco por questões da crise) em espaços centralizadores (os espaços âncora). A disseminação, a entrada gratuita, a diversidade, são características definidoras e identitárias de um programa de cultura que para nosso Bem a cidade tomou, ouviu, através dos seus poderes públicos.
A continuidade de Costa é assim, também por outros motivos que outras áreas de actuação explicarão, a validação desta opção em concreto, que é tanto um sinal da necessidade democrática dos cidadãos de Lisboa como a vivência do espaço público implica, necessariamente, o entrusamento com o governo/a gestão da polis.

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