30 outubro 2006

Dois pequenos passos

Ainda não temos o sistema perfeito. A Democracia continua a ser "apenas" o pior de todos os sistemas com excepção de todos os outros. Nem sequer é certo que tenhamos chegado nos nossos países a uma verdadeira Democracia. Claro que idealmente estes tipos seriam acusados das próprias atrocidades que cometeram, cada um no seu estilo, e não por "acessórios"; claro que no ideal estas acusações e estes julgamentos já teriam sido há muito mais tempo e à primeira desconfiança os mandatos teriam sido retirados.

São pequenos, mas são estes os passos que se querem:

Berlusconi vai ser julgado por corrupção
Pinochet em prisão domiciliária - neste caso vai responder por 36 raptos, 23 casos de tortura e um assassinato cometidos pela sua polícia secreta. Ainda assim, muito pouco está em causa, tendo em conta a quantidade real de crimes cometidos: o verdadeiro número de torturados, mortos e desaparecidos é muitíssimo superior.

29 outubro 2006

Tarrafal, o campo da morte lenta: 70 anos

Foi só há 70 anos que abriu o campo de concentração do Tarrafal, o da morte lenta. Foi só há 70 anos que Portugal passou a ter um campo de concentração e morte. Nas colónias, claro, porque na metrópole, no "verdadeiro" Portugal, não se faziam trabalhos sujos. Isso era deixado às colónias, neste caso a Cabo Verde.

Só setenta anos depois, já Salazar se candidata a grande português. Só setenta anos depois, ainda os presos torturados estão vivos, já o carrasco é elogiado, estrela de televisão, posto lado a lado e comparado em pé de igualdade com quem construiu o país e definiu a nossa portugalidade. Como se a frigideira por onde passaram alguns dos presos no Tarrafal fosse uma pequena questão de opinião, divergências sem significado. Como se fosse igualmente válido ser preso num campo de concentração ou ser carrasco desse mesmo campo, é só uma questão de lados.

O branqueamento é rápido, e visivelmente eficaz. Para a opinião pública, campo de concentração é algo que tem a ver com os alemães, lá longe na Polónia. As notícias da imprensa sobre este assunto são escassas na internet. Excepção do DN, com uma entrevista a Edmundo Pedro sobre a sua tentativa de fuga.

Para não esquecer, não deixar branquear, nem deixar repetir, a ver uma exposição a ver na Torre do Tombo sobre a Guerra Civil Espanhola e o Tarrafal.

27 outubro 2006

éfe-éme-ii

"Assim, durante a década em que as epidemias de SIDa atingemtodo o continente, em que grandes fomes e as guerras continuam a fazer razias, os países pobres financiaram os países ricos:entre 1983 e 1989 pagaram-lhes 242 muilhões de dólares(Relatório do PNUD de 1992, p.23 a 51) e sóa África subsaariana transferiu nada menos de 700 milhões de dolares por ano (p.43). Nos úlitmosanos, o próprio FMI recebeu de África cerca de três vezes e meia o que pagou.Os mercados africanos são os mais vulneráveis- não lhes são permitidas as medidas de proteccionismonão-tarifário que predominam ainda nos países desenvolvidos- e as condições impostas ao pagamento das dívidas sao asmais draconianas: o juro real corrigido pelos preços em dólardas principais exportações é de 4% nos países ricos e de 17% nos países "em vias de desenvolvimento", isto é, pagam quatro vezes mais. O impactorecessionista de todas as medidas combinadas contribui para enfraquecer a economia e para desregular a sociedade, desertificando os campos e agravando a concentração urbana, onde não há emprego"
Francisco Louça, A maldição de Midas a cultura do capitalismo tardio, Edições Cotovia 1994.

26 outubro 2006

Crónica das voltas que a vida dá

O João Afonso que prometi ontem já está a dar, pelo menos aqui em casa... Hoje acrescento-lhe outra canção que me tem feito pensar e dar umas grandes voltas. Parecendo que não, estes pontapés às vezes são eficazes!

Humanos
Muda de Vida

de António Variações

24 outubro 2006

E se...

... o caminho para o emprego fosse uma das estradas mais bonitas do mundo?

Rumo a sul...


Esta imagem acompanha a música do cantinho:

João Afonso e Luís Pastor
"Náufrago de las Estrellas"

Album: Outra Vida

Tem tudo a ver comigo: o nome do album, a letra da canção... e a canção é lindíssima, não é?

Adiós Madrid, adiós Paris
Náufrago de las estrellas
Me llama el mar, me lleva el mar
Náufrago de las estrellas
...
Me quedo aquí, soy libre al fin


O File Lodge hoje não está pr'aqui virado, mas fica o post como anúncio da próxima música, assim que eu puder e o File Lodge quiser.

20 outubro 2006

Ai, se eu pudesse, digo-vos onde estaria amanhã!

HOMENAGEM AO GENERAL VASCO GONÇALVES

Sábado, dia 21 de Outubro, pelas 15h30,
na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa

MOMENTO CULTURAL:

Fausto Neves (pianista)
Manuel Freire
M do Céu Guerra
Coral dos Mineiros de Aljustrel
Coral Catarinas de Baleizão
Coro da Academia dos Amadores de Música

INTERVENÇÕES POLÍTICAS:

Prof. Doutor Barata Moura
Coronel Vicente da Silva
Dr Vasco Gonçalves Laranjeira (neto do General)

Apresentação de: Cândido Mota

Entrada livre

Estratégia da sacanice

  • Primeiro foi o anúncio dos 15% de aumento da electricidade.
  • Depois a ofensa estúpida do secretário de Estado. (Continuo sem entender como é que gente que é capaz de dizer tamanhas palermices chega a secretário de Estado. É que nem é uma questão de opinião, foi mesmo uma afirmação sem pés nem cabeça, qualquer que seja o ponto de vista).
  • Seguiu-se a tentativa de emenda tardia do ministro.


No fim disto tudo, um aumento de 6% até parece bom! Isto, claro, se nos determos no facto da ameaça de aumento ter diminuído 9%. Mas não é o preço real que diminui, é só a ameaça. O preço a pagar sobe 6%, que é mais ou menos o dobro da inflacção e muito mais do dobro da subida dos ordenados...

Administração Pública a Vaca Sagrada

Hoje no Dn uma notícia que ajuda a tornar claro os objectivos por trás do ataque aos funcionários públicos. Este ataque tem tido o aplauso basbaque da maioria dos trabalhadores que, por norma, têm piores condições de trabalho e vida. Também deviam saber que condições e os direitos de trabalho na função pública servem de referência para o sector privado. O Estado Português está a saque desde há 500 anos (talvez) com poucas tentativas corajosas de o defender. Como a pimenta e o ouro já não se podem desviar dos navios agora privatiza-se. Que se privatize e mercantilize tudo mas podia haver a coragem de assumir o novo modelo de estado que estão a construir. E aí poderia haver um debate justo sobre sacrifícios a fazer.

19 outubro 2006

Coisas que nunca percebi em Paris

A Place de la Concorde, é certamente uma das mais bonitas da Europa.

Não se vê nesta fotografia, mas no cantinho esquerdo é a Embaixada dos EUA. O que eu não entendo é porque é que as autoridades municipais de Paris deixam os EUA barricar metade desta praça magnífica com barreiras que impedem a circulação de peões, tapam uma parte do jardim do Eliseu, obrigam a desvios de centenas de metros. Tudo para ninguém se poder sequer aproximar da embaixada. O aspecto do lado esquerdo da praça é como se houvesse uma grande manifestação permanentemente iminente, com grades policiais a fazer barreiras e corredores. Nunca lá vi uma manifestação. Nunca em três anos! E nunca vi aquele lado da praça sem as barricadas.

Dentro do terreno da Embaixada é território dos EUA, eles que façam como quiserem. Mas fora, em solo francês, não percebo porque é que a Mairie deixa desfigurar e barricar a Place de la Concorde.

Miragem para os portugueses, pesadelo para os patrões, realidade por aqui

Em 2004, e face à entrada em vigor das 35 horas semanais, foi assinado um acordo para o ramo da restauração, bares e discotecas, que previa a manutenção nesse ramo de um horário de 39 horas. O acordo também estiplulava mais uma semana de férias (passando assim a 6 semanas anuais), cláusula esta que apenas excepcionalmente foi praticada pelas empresas.

Ontem o Conselho de Estado declarou a nulidade do acordo. O horário de trabalho é de 35 horas para todos os ramos de actividade. Ou seja, as quatro horas suplementares passarão a ter que ser pagas como horas extraordinárias. Mas melhor, o Conselho de Estado pede que esta decisão tenha efeitos retroactivos e que as empresas tenham que pagar o suplemento de horas extraordinárias a todos os empregados que tenham cumprido as 39 horas desde Janeiro de 2005.

IVG - o debate visto cá de longe

Esta notícia do Le Monde apresenta a situação portuguesa quanto à IVG, fala dos processos de Julho passado e resume o processo legislativo a empreender para chegar à despenalização. Mas fala também de uma sondagem que terá sido publicada quinta-feira, e que diz que apenas 47,9% dos portugueses estão a favor da despenalização e que ainda 39,9% se opõem.
Também se dá ênfase ao enorme poder e influência da Igreja Católica e do catolicismo da população.

O tom e a informação são mais ou menos os mesmos que passaram ontem e hoje nas reportagens da Radio France. Ou seja, este artigo ilustra bem o que está a ser veiculado aos franceses sobre esta situação.

Nota: nem em época de eleições ouvi tantas reportagens e vi tantos artigos sobre Portugal aui em França.

Brgh, que impressão!



Ter que ordenar os meus livrinhos por tamanhos. Por tamanhos! Para os arrumar melhor nos caixotes.

18 outubro 2006

Rivoli

Hoje é que eu percebi exactamente o que é que está em jogo no Rivoli, através do post no Arrastão.
Sim, já sabia que havia uma questão de privatização e de uma empresa municipal que passaria a gerir o teatro. O que eu não sabia é que o teatro alberga 18, dezoito companhias de teatro! Dezoito!
E que as dezoito vão ser desalojadas para atribuir um segundo teatro ao La Féria - ele já ocupa o Politeama em Lisboa! Mas quantos teatros nacionais é que este tipo vai ocupar com a pimbalhada dele? E quantas companhias de teatro estão à procura de um espaço?

Assim lá se vai mais um teatro, que sai do domínio da Cultura para se render ao mercantilismo do entretenimento. É a sociedade que temos, são os princípios em voga: a facilidade, o simplismo, o cinzentismo de todos gostarmos do mesmo, sem diversidade. E sobretudo, depois do trabalho desliga-se o cérebro e já ninguém quer pensar ou fazer nem que seja o mínimo raciocínio.
Mas caramba, sempre podiam ter escolhido entretenimento com qualidade!
Nada disto é novidade, é antes um processo que vem de longe.


O que é relativamente novo (embora com um cheiro bolorento) é a reacção do poder aos protestos. Tanto a de Rui Rio, como a da ministra. Menos democrático é difícil!
Rui Rio, numa tentativa de imitar Jardim, não só recusa dialogar como põe queixa crime contra os ocupantes. Mas pior, corta a electricidade, põe o ar condicionado no máximo de frio, e corta os acessos do exterior para impedir que se passe comida a quem lá está dentro. Nem o Sarkozy teve estas brilhantes ideias aquando da ocupação das universidades francesas.

A ministra não diz nada quanto a esta forma de repressão, pondo-se por omissão do lado de Rio, e confirma esta sua posição pela recusa em dialogar e negociar.

O único que faltava meter a pata na poça era o xô silva. Veio à marquise e debitou sobre um tal "pequeno conflito" à volta de um teatro, nem parece querer saber qual.


Actualização: Rio mandou cortar também a água esta noite.


Informações:
Blog do Público sobre a ocupação: http://noteatrorivoli.blogspot.com/
Fórum de discussão sobre a ocupação e política cultural: http://rivoli.no-ip.org/

Não percebo...

Perante estas tiradas intelectuais eu fico a sentir-me muito burra: é que por mais voltas que dê à cabeça, não percebo! Esta regra não vinha nos livros de economia...


Vamos ver: uma pessoa consome um produto de uma empresa, paga a conta, e assim contribui para levar a empresa à falência.

Conclusão lógica segundo este princípio: a última livraria do concelho da Amadora fechou por ter clientes a mais.
Lamento informar, que com a minha mania de gostar de livros e discos e a quantidade de partituras que comprei, contribui seriamente para o fecho das lojas grandes da Valentim de Carvalho.

E eu que pensava que a estirpe Santana Lopes tinha saído do governo!

17 outubro 2006

A questão da fila no centro de emprego


A ministra não se preocupa com a greve, está mais preocupada com outras coisas. Acho bem que se preocupe com o futuro emprego, que este está por um fio.

Parabéns, Sra. Ministra!

Não deve estar longe dos recordes dos ministros da educação do seu amigo Cavaco em números de adesão a greves.

E mais! Esta mulher é espantosa, as coisas que ela consegue! Na reportagem de hoje às 20h na RTP, os pais, apesar das dificuldades que o fecho das escolas lhes traz, compreendem a posição dos professores, e alguns até disseram concordar! Pela primeira vez em muito tempo, esta ministra conseguiu que alguns pais mostrasse solidariedade.

É obra!

Crónicas da Gália 2

Agora já posso ter um olhar exterior, já não são "as minhas cebolas" - c'est pas mes oignons. Na rua, no Metro, no supermercado, fica uma só impressão.
A agressividade domina: as pessoas empurram-se, entreolham-se ameaçadoramente. Correm para ficar um só lugar à frente na fila da caixa. Olhares estranhos no Metro, na rua, que nos seguem, inquisidores, que não se entendem, impenetráveis mas trocistas, pessoas muito estranhas, meio loucos de ares misteriosos, quase fantasmas.
Não se vê um sorriso, alguém com ar alegre, ou apenas contente. Passam-se dias inteiros na cidade sem que uma pessoa nos olhe sem um ar profundamente triste, ou simplesmente apático. Aquele ar de quem já está tão triste há tanto tempo, que desistiu de esperar.

Tudo isto num silêncio ensurdecedor. Só há ruído no Metro à noite, quando se apanha um grupo de bêbedos na carruagem ao lado, ou se entra um grupo de turistas italianos ou espanhóis.

Entretanto, o Metro desenvolve portas nos cais das estações para isolar a linha. O número de suicídios e homicídios nas linhas do Metro justificam este investimento; não são notícia de jornal, são o dia-a-dia dos parisienses.

Conheço mais cidades nortenhas dominadas por céus cinzentos, mas nenhuma tem o cinzento em todas as caras.

Crónicas da Gália 1

No Metro, um autocolante do FN diz que a nacionalidade francesa está no sangue, herda-se, faz-se por merecer.

Pergunta que me fica na cabeça: então, que nacionalidade têm estes tipos? Não me vão querer convencer que fizeram por merecer alguma coisa na vida!?

Enfim... e a desgraçada da Jeanne d'Arc, torturada e executada há quase 600 anos, ainda tem que andar às voltas na tumba, torturada pela utilização e as conotações que esta gentalha lhe enfia.

Mais uma vez, Villepin no melhor do seu cinismo

Aqui por estas bandas a polícia anda a meter-se em alhadas, e nos últimos dias um grupo de polícias foi atraído para uma armadilha. Tanta formação dos efectivos e eles caíram que nem uns patos. Adiante.
Levantou-se um burburinho gigantesco, nesta terra não passam dois meses sem ameaças de endurecimento da repressão.

Mas mais recente que os acontecimentos de Novembro passado, foi o ataque a Cyrill Ferez, que a polícia agrediu até ao coma e a quem se recusou a prestar socorro.
O que eu queria era saber da repressão destes comportamentos da polícia, da violência, dos abusos de poder, das múltiplas infracções legais durante as detenções, da ilegalidade das identificações diárias. Isso é que eu queria ver resolvido, até porque me parece que resolveria os dois coelhos de uma cajadada.

15 outubro 2006

Eduardo Pitta voluntaria-se para ficar sem ordenado (aproveite Sr. Primeiro-Minsitro)

Eu prefiro ter o salário congelado a contribuir para que um dia não tenha nenhum. E, sim, prefiro pagar taxas simbólicas para que um dia não seja obrigado a esportular dois ou três mil euros por uma pequena cirurgia feita em regime de ambulatório. Ou, pior, ter de suportar um New Deal à bruta. Candidatos a Roosevelt é coisa que não falta. As manifs fazem parte do folclore da democracia porque o imaginário da resistência tem um perfume irresistível. Sem a caução do voto, os profissionais do Agit-Prop fazem da rua o seu terreno de eleição. Mas, como dizia o almirante, o povo é sereno. Ambos sabemos, meu caro João Gonçalves, que essa serenidade ainda não foi posta em causa. O que se passou anteontem foi só fumaça...

Tanto disparate junto faz-me duvidar. Ser o sustentáculo moral do poder sempre foi um perfume muito mais irresistível Dr. Pitta. E espero mesmo que pague dois mil ou cinco mil euros para fazer a tal cirurgia ao furúnculo que cresce naquele sítio nas pessoas que não têm a rua como terreno de eleião. Com o seu discurso pode concerteza pagar já que também lhe podem congelar o salário desde já. A fumaça é criada por funcionários públicos talvez como o sr.Professor. Que vão aguentando as coisas, sustentando os sistema, desde que este lhe sirva tudo vai bem.

Prepara-te Sócrates



Dia 5 de Outubro marcharam 25 mil professores numa iniciativa que reuniu 14 organizações sindicais. Da esquerda à direita todos os sindicatos de professores estão juntos na greve de dias 17 e 18 na próxima semana. Dia 12 de Outubro entre 90 a 100 mil trabalhadores manifestaram-se contra mais ou menos a mesma coisa. Os governos socialistas portugueses ainda não tinham levado semelhante resposta, talvez por isso se tenham sentido sempre tão à vontade em cometer as maiores atrocidades. À semelhança de outros companheiros europeus Sócrates é o executor do plano de liquidar o Estado Social que a Europa soube construir e que constitui uma das suas melhores conquistas.
A Reforma no Ensino é uma treta, a proposta do governo de avaliação dos docentes não trata de avaliação de docentes e da consequente melhoria da qualidade do ensino/aprendizagem. Trata de precarizar e de afunilar a carreira de tal forma que sejam muito poucos os que consigam chegar a determinado escalão. Trata-se portanto de reduzir o custo do Estado. Para quem conhece as escolas púbicas e os "amplos" recursos de que dispõe entende que só se pudesse ir poupar pagando menos aos profissionais e obrigando-os mais dia menos dia a abrir e a fechar o portão da escola e a varrer o polidesportivo.

13 outubro 2006

Manifestação de hoje

Acompanhei aqui de longe o que se passou hoje em Lisboa, mas se alguém esteve ao vivo, diga alguma coisa.
Sempre foram 100 mil ou não? É que 100 mil já se pode contar em percentagem: 1% da população, um pouco mais se considerarmos só os eleitores! É pouquinho, mas é!

Sr. Sócrates, já sabemos que o seu papel é fingir que não é nada consigo e que este protesto em dia de semana e sem greve declarada até nem tem grande significado. Mas olhe que essa fita já custou as presidenciais a dois coleguinhas seus, e um discurso de retirada do meu ponto de vista bastante divertido: falo de Sarkozy (que se candidata, mas é muito provável que perca) e de Villepin (que chegou a pensar candidatar-se, mas a quem esse discurso arruinou qualquer possibilidade de carreira política nos tempos mais próximos; cumpre o mandato e segue para casa).

Pense lá outra vez antes de reincidir no discurso ridículo do Telejornal...

O Concerto deste Verão


Aqui vos deixo uma canção do que foi o grande concerto deste Verão, num pequeno centro cultural em Vila Real de Santo António, numa pontinha do país. O ambiente foi o que se vê...

No cantinho, fica o Francisco Fanhais a cantar "Porque", do disco Dedicatória. O poema é de Sophia de Mello Breyner.

11 outubro 2006

Que saudades da Europa!

Estamos quase iguais aos EUA, essa terra da liberdade e dos sonhos realizados. Agora também em Portugal vai morrer gente à porta dos hospitais. Como é que o ministro pensa resolver a questão de quem não pode pagar nem um dia, e se não fôr internado pode morrer ou ficar a sofrer?

Espero que os médicos, que fazem um juramento (ainda fazem?), façam alguma coisa, antes que o Hipócrates desate às voltas na tumba.

É bem feita, que é para nos deixarmos dessa coisa das férias pagas no hospital! Sim, claro, os portugueses vão para o hospital por gosto, e abusam do internamento pelo amor ao cheiro a hospital!

Diz também o artigo que na Alemanha a taxa são 10 euros e em Portugal vão ser 5, e que o sr. ministro acha que isso já é uma benesse. Sr. ministro, quando os nossos salários forem metade dos salários alemães e não um terço ou um quarto; quando as rendas das nossas casas forem metade das alemãs e não o dobro, volte a mandar postais. Até, lá esqueça as taxas a metade do preço das alemãs.
E nessa altura, se ela chegasse com o seu governo (o que é duvidoso, porque os senhores estão a afastar-nos da Europa a passos larguíssimos), digo-lhe já o que seriam as negociações: meta as taxas n...

Eu sei que estou a ser bruta. Mas já ninguém atura este governo. Uma acha que os professores não sabem ler, e este acha que nós todos não sabemos fazer contas. Que gente iluminada que arranjámos!

Contra-natura

Voar para norte no Outono.

10 outubro 2006

II Fórum Social Português



13, 14 e 15 de Outubro de 2006 acontece o II Fórum Social Português.

Por um Fórum cada vez mais Fórum
O fórum social é o espaço da sociedade das alternativas. Mais do que um evento periódico, o fórum é um processo permanente, de intercâmbio de experiências e definição de pontos de convergência, geradores de projectos conjuntos de mudança da sociedade.
Um Outro Mundo é Possível
A experiência do fórum social tem de ser a prova de que a cultura alternativa não é uma miragem, mas sim componente essencial de qualquer sociedade civil saudável. Trabalhando em conjunto e com o reforço das redes sociais de interajuda, podemos pôr em causa o mundo em que vivemos, implementar formas de solidariedade activa (a nível local e internacional) e denunciar práticas que levam sistematicamente a situações de miséria, injustiça e exclusão.
Um Fórum dos Activistas
É a diversidade dentro do fórum que fomenta o debate e gera novas ideias para combater velhos problemas. A força do fórum está nos seus activistas e na sua capacidade de crescer e gerar mudança, sem dirigentes “esclarecidos”, sem procedimentos pré-definidos, sem hierarquias... só assim é possível complementar um sistema partidário dominante que exclui da actividade politica quem nele não se revê



* o texto foi retirado da página da Attac e a imagem da página cores do globo (organização de comércio justo)

+ 1 blogue para a lista

Ali ao lado andou a arrumar-se e a limpar-se um pouco a lista de blogues. Muitos faltarão dentre os que lemos e gostamos. A nova entrada é do novo blogue de velhos blogueiros: Passado/Presente. ( Past and Present não foi uma revista dirigida pelo Hobsbaum?) O objectivo de Passado/Presente é produzir e manter um espaço de divulgação e de crítica centrado na compreensão da história do mundo actual, mas aberto a diferentes saberes e acessível a um público diversificado de investigadores e de interessados. Nele se procurará divulgar e cruzar informações, críticas, documentos, opiniões, comentários ou apontamentos relacionados com os diversos processos e tendências da observação contemporânea do passado recente, principalmente aquele que se desenvolve, em dimensão planetária, desde os finais da 2a. Guerra Mundial até à actualidade. Passado/Presente manter-se-á igualmente atento à integração dinâmica, na experiência actual, das leituras contemporâneas do passado.

09 outubro 2006

Eduardo Salavisa



Graças à Pública cheguei a este site. Os diários em desenho de um viajante e de outros que ele gosta. Também há um blogue. Nas minhas viagens, principalmente as imaginárias, também há diários mas de bilhetes, fotos, mapas, notas, contas de café.

05 outubro 2006

60 Anos de resoluções sobre o Médio Oriente III

1980 O estatuto de Jerusalém Resolução 478

Rm Agosto de 1980, o CS [conselho de Segurança] pede a Israel que anule a sua "lei básica", onde estabelece Jerusalém como capital una e indivisível". A resolução 478 considera tal lei "nula" e censura, "nos mais fortes termos", a recusa israelita em cumprir anteriores resoluções ao alterar o estatuto da cidade que os palestinianos também reinvindicam como capital.
1981 Anexação dos Golã Resolução 497
aprovada a 17 de Dezembro de 1981 (...) exorta Israel a abdicar da anexação dos Golã, estabelecendo que esta é "nula, inválida e sem efeito legal internacional". Ao longo dos anos 1990, com Yitzhak Rabim e depois Ehud Barak no poder em Israel e Bill Clinton na Casa Branca, foi esboçado um plano de compromisso. As negociações falharam quando o anterior Presidente sírio Hafez al-Assad recusou ceder o controlo do Lago de Tiberíades, hoje um dos principais reservatórios de água de Israel. Em 2003, Ariel Sharon anunciou a expansão dos colonatos e moshavim (comunas agrícolas) nos Golã.
2004 Síria e Hezbollah Resolução 1559
(...) pede ao Líbano que estenda a sua soberania a todo o território nacional, de onde devem retirar "todas as forças estrangeiras", numa alusão aos soldados sírios. Exorta ainda ao "desarmamento" de todos as milícias libaneses e não libanesas". Como condição para pôr em prática esta resolução, Beirute impôs a evacuação das Shebaa Farms e de Kfar-Shouba por Israel e o regresso de libaneses detidos em cadeias israelitas. O Hezbollah, a única milícia que restou após o fim da guerra civil em 1990, nunca foi desarmado. Em 2005, a Síria foi forçada a retirar os últimos 14 mil de uma força inicial de 40 mil soldados do país vizinho, cuja soberania nunca reconheceu, depois de enormes protestos populares motivados pelo assassínio do antigo primeiro-ministro libanês Rafiq Hairiri, a 14 de Fevereiro. O suspeito principal do crime é o o regime de Damasco.
Sofia Lorena, Público, 13 de Agosto de 2006

5 de Outubro

Quem sabe o que é, faça favor de passar ao post seguinte, e desculpem a repetição.

Ora, o que é que eu posso dizer sobre o 5 de Outubro? É o dia da proclamação da República, que foi em 1910. Não foi um dia inventado para passear e fazer ponte logo a seguir às férias.

Eu sei que parece absurdo ainda dar esta notícia como se fosse novidade, mas experimente-se perguntar na rua ao acaso o que é o 5 de Outubro...

Pequenas maravilhas do mundo

Ontem à noite, ao ler a Alice Vieira, lembrei-me de que este ano vou poder ir à Feira do Livro!

03 outubro 2006

Vale tudo, especialmente tirar olhos

Lembram-se das legislativas de 2002? Já não... pois, mas agora é que elas nos caem em cima!

Muito sinceramente, é-me indiferente o que um e outro dizem. Não podemos ter certezas sobre se sabia ou não, penso que as ciências ainda não evoluíram ao ponto de se poder fazer análises ao cérebro com esses fins. Uma coisa é certa: ele era PM! E se não sabia, é porque olhou para o lado! Tinha o dever de saber, e se cá para o mexilhão, o desconhecimento não anula o delito, lá para os dinossauros também não!

Agora manda um porta-voz dizer umas patacoadas: que não se pode confundir o Barroso com o Durão, que as funções são diferentes, que quem tem que responder são as autoridades portuguesas e não a Comissão... em suma, Jeckyl não se responsabiliza de dia pelo que Hyde possa ter feito de noite.

Resumidinho, o legislador encarregou-se de acabar completamente com a Democracia e a Liberdade. Quem está no poder pode mandar ou ser cúmplice de torturas, corrupções, mortes, tudo o que queira, porque a responsabilidade é institucional e nunca pessoal. Quando as coisas vêm a público, o poder já foi passado a outro, que não sabe bem o que se passa, e como são factos ilícitos não tem certamente dossiers com informação. E não deve ser responsabilizado por uma coisa que não fez, obviamente!

O responsável mudou de posto, alega incompatibilidades legais/ institucionais, mudou o apelido, e continua no novo poleiro a fazer o mesmo de sempre: tudo lhe é permitido!

Caso a UE decida levar os inquéritos às últimas consequências, vai certamente haver multas pesadas e sanções contra o Estado português. Só que o Estado não é uma pessoa, não trabalha nem tem ordenado, e por isso não tem vontades, actos, nem responsabilidades. O Estado é uma instituição que representa 10 milhões de pessoas que vão ser responsabilizadas e lesadas através dos seus impostos por uma coisa que não sabiam e não fizeram.

Mas eu espero que isso aconteça. E que com a vergonha e o dedo apontado dos outros europeus, e sobretudo, à boa portuguesa (no pior que os portugueses têm), com o dinheirinho a sair-lhes dos bolsos, os portugueses aprendam finalmente a importância de votar e de saber em quem! Pelo esclarecimento, pelo conhecimento, e não pela campanha com mais aventais oferecidos e mais pimba nos comícios!