28 março 2006

A greve e o governo


O Metro esteve hoje um pouco mais lento, mas nada de especial. Houve outras áreas muito mais atingidas: as escolas, a rádio, os jornais, os comboios, os aviões e aeroportos. Os quiosques, sem jornais para vender, estiveram fechados.

O governo está já dividido. Claro que ter um regime presidencialista em que Presidente, Primeiro-Ministro, e nº 2 são concorrentes entre si a umas eleições muito próximas, não pode dar coisa boa, é impossível!

O Sarko, que é fascista e muito inteligente, disse hoje que o governo deve suspender a lei para negociar. Percebeu que os manifestantes iriam ser já uma percentagem significativa da população, e o salário de presidente deve ser bem melhor que o de ministro. Além disso, num regime presidencialista, a lei pode ser retirada e voltar depois até em modalidade bem pior.

O Villepin continua a querer negociar, fazer pequenas mudanças na lei e não admite retirá-la de forma nenhuma. Insiste na "pedagogia"... aparentemente somos todos completamente estúpidos e não entendemos a lei. Tem ainda a curiosa noção de que as manifestações são anti-democráticas. As leis são feitas pela Assembleia e o Governo (neste caso sem discussão) e o povo não tem nada a dizer.

Quinta-feira há novidades: o Tribunal Constitucional vai pronunciar-se sobre a validade da lei, por esta discriminar os trabalhadores em função da idade.

Nalguns países do resto da Europa há manifestações de apoio a este movimento frente às embaixadas francesas. Soube há pouco que em Lisboa houve uma manifestação da CGTP contra a precariedade.

Os sindicatos não põem a hipótese de desmobilizar, o movimento aumenta a olhos vistos, e internacionaliza-se. Amanhã reúnem novamente para decidir o que vão fazer. Fala-se em greve geral: a última vez que foi convocada uma greve geral em França foi em 1944, para exigir a libertação de Paris.

A ver vamos.

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