01 setembro 2005

Os assassinos da autoestrada

Eu tenho um carro pequeno, utilitário e óptimo para quem gosta de ir ao Chiado (sim, podia aqui discutir os transportes públicos, mas talvez fique para outra ocasião). O meu pai tem um carro grande, para viajar com a família.

Quando ando no meu carro (um "carro de «senhora»" como lhe chamaria qualquer machista atrasado) na autoestrada, assim que tento fazer uma ultrapassagem, aparece sempre um carro atrás a buzinar desenfreadamente, a mudar de faixa sem fazer sinal, e muitas vezes a fazer manobras impensáveis como colar-se à minha traseira (esta é diária), passar pela esquerda entre as duas faixas, mandar-se para cima de mim para me obrigar a sair-lhes do caminho e outros mimos fantásticos! Tudo porque não podem andar 30 segundos a 120km/h (bom, ok, às vezes um bocadinho mais...) antes de voltar à sua velocidade cruzeiro de 200km/h!

Não é a velocidade que me incomoda verdadeiramente. São as manobras e o tipo de coisas mortíferas que esta gente faz com os carros. Será assim tão complicado de perceber que a 120km/h, se eu tivesse que travar a fundo, aquelas alminhas não conseguiam travar as suas bombas nos 2 ou 3 m de distância que têm do meu carro? Bom, a meu ver, e se as coisas fossem chamadas pelos nomes, excepto nos dois primeiros casos (o de buzinar e o de não fazer sinal antes de mudar de faixa), esta gente devia ser julgada por assassínio na forma tentada. São estes pretensos "espertos" que matam centenas ou milhares de pessoas por ano nas estradas!

Bom, mas adiante. Quando conduzo o carro do meu pai (um "carro de homem" diria o palerma da autoestrada), mantenho a mesma condução e a mesma velocidade. O facto é que ninguém buzina, ninguém tenta fazer coisas esquisitas e muito pouca gente se cola à traseira do carro.

Falta só adicionar mais um dado. A maior parte das vezes, reparo que estes tais "palermas da autoestrada" são homens e os carros pertencem invariavelmente a duas ou três marcas, são carros grandes e caros.
Não quer dizer que só os homens conduzem mal, mas é uma constatação que tenho feito: este tipo de asneiras são mais masculinas. As asneiras que tenho visto de mulheres, são mais na cidade e a velocidades mais baixas. São geralmente menos perigosas e menos catastróficas quando dão para o torto.

É absurda a minha conclusão, mas é a única que me surge. Quando um palerma vê um "carro de senhora", atira-o para a berma e não lhe reconhece o direito de lhe estar a "roubar" a faixa e a passagem, só vê erros de condução em tudo o que o condutor fizer e a velocidade nunca lhe chega. O mesmíssimo condutor, a mesmíssima manobra num dos tais "carros de homem", e o mesmíssimo palerma que vem atrás já não vê asneiras por todo o lado, já não vê falta de velocidade, já não acha que o outro não tem o direito de conduzir ali.

E chamo-lhe absurda porque estamos no século XXI, porque andámos muito em matéria de machismo e de civismo, porque morre gente todos ou quase todos os dias nas estradas, e porque não compreendo como é possível haver gente ainda hoje com este tipo de pensamento.

Será falta de civismo, machismo primário, inconsciência ou tudo junto?

1 comentário:

Unknown disse...

Concordo com muita coisa que voce disse, e pra piorar aqui no Brasil, não existe fiscalização, no máximo um radar eletrônico (e burro) que a única coisa que faz é multar quem passa acima dos 70 km/h.

Ou seja, voce pode passar por cima do carro do outro, matar, deixar paraplégico, mas desde que passe a 70 por hora no radar....então tudo bem.

Pessoas que saem de casa, dirigindo sem respeitar os outros, e ainda usa de carros grandes para isso, deviam responder por crime com intenção de matar e premeditado.