30 maio 2008

Gasolina



Tenho sempre bastantes dúvidas em relação à eficácia deste tipo de iniciativas. Destas e dos abaixo-assinados. É tristemente enfadonho juntarmos o nosso nome a uma lista que será entregue a algum órgão de soberania e deixada aos bichos do papel a amarelecer dentro de um dossier arquivador negro. Uma imagem deprimente do exercício político que nos cabe por direito a todos. Com o folclore das assinaturas e do boletim de voto sancionamos de alguma maneira o sistema que impede o exercício de facto da cidadania, entendida como o governo da polis pelos seus cidadãos. Mas, no matter what, é sempre interessante assistir à tomada de consciência -ainda que no limite dos limites - da importância do poder dos consumidores. E esse poder faz efectivamente empresas mudarem políticas. Seria ainda mais interessante assistir à tomada de consciência de que o nosso estilo de vida -aquele que serviu de mote à invasão do Iraque -não pode continuar sobre rodas. Já que os povos da Europa não conseguiram impedir a(s) guerra(s) quando se juntaram nas ruas, podem ir mais longe para impedir todas as que seguirão. Ir mais longe só pode significar deixarmos de agir enquanto consumidores como cúmplices de um mundo impossível (e por isso só defensável pela via bélica).

11 maio 2008

GNR fora do Carmo

Faço parte das pessoas que não entendem porque está a GNR no Convento do Carmo. Muito menos que esse espaço se vá converter no Museu da GNR. Não que a GNR não deva ter quartéis e museus. Mas estamos a falar do coração da cidade. Estamos a falar do convento anexo à Igreja do Carmo, erigida pouco mais de 100 anos depois da tomada de Lisboa, da fundação cristã da cidade capital desde aí. Estamosa falar das ruínas que sobreviveram para nos contar também a história do terramoto. A GNR acode a alguém na cidade? E se acudisse, como a psp, era daquele imbricado do Carmo e Trindade que iria com o sues jipes chegar a algum lado? Porque está a GNR no Convento do Carmo? Para cerimónias oficiais? Elas não poderiam acontecer sem os chapéus de crina de cavalo? Para além do valor simbólico de fundação da cidade e do valor paisagístico e altaneiro da colina paralela à do Castelo estamos a falar também do valor simbólico do Convento e do Largo do Carmo no dia 25 de Abril. Afinal foi ali que o povo cerrou fileiras em torno das chaimites,foi ali que a ditadura oficialmente caiu. Quem a defendia naquele momento em Lisboa sem ser a GNR? Não deixa de ser ironicamente amargo que não haja um espaço museológico da resistência ao fascismo em Lisboa,nem no Aljube nem na António Maria Cardoso, e se vá musealizar o espaço onde se refugiou o poder em torno da história da polícia militar que o defendeu. O Convento do Carmo é demasiado valioso para ser oMuseu da GNR, e se isto não é demasiado evidente acrescento mais motivos em resgistos fotográficos feitos esta semana.






O sr. de azul esteve a retirar à pazada aquele monte de terra que o sr. de vermelho levou no carrinho para onde a vemos. Devem estar à procura de uma fuga, será?





A este local só tem acesso o pessoal da gnr ou quem faz a manutenção daquele espaço. Este local é um monumento nacional. A associação dos arqueólogos gere o museu das ruínas do Carmo (o que não deixa de ser caricato). No Museu ninguém sabia que estavam uns homens lá trás a retirar areia de mais de 2 metros de profundidade.





Ainda que se tratem de terras já removidas anteriormente é visível o pano de muro em alvenaria onde a pá andou a dar pancadinhas gentis. Se isto é a maneira como a GNR trata o património (e se não fosse só bastava olhar para aquela envolvência nas traseiras do monumento onde os turistas tiram fotos às milhentas) concluimos depressa como estará o Convento e de como a cidade respiraria melhor se a GNR saísse e, depois de recuperado todo o edifício, se encontrasse a função que melhor respeitaria o seu valor simbólico e a nossa memória .

05 maio 2008

Notícias do meu país#3

No balcão da segurança social no Areeiro (sede) lia-se: Os cidadãos-clientes deverão dirigir-se a tal e tal para informações relativas a pensões. E para um cafezinho? Bom, há uma máquina automática mas só serve clientes, para a bica a sério é preciso tornar-se cidadão e sair dali para fora.

02 maio 2008

entrevista a Nuno Rosa (pink boy)

Fala-nos dum projecto de sonho.
Falo de vários. Alguns dos quais já concretizados. Ser Miss Portugal; tocar na banda do Herman, ir à Gala dos Globos de Ouro; actuar depois do Quim Barreiros; desfilar na Moda Lisboa; produzir o próximo disco dos Delfins; remisturar o Abrunhosa; passar um Domingo chuvoso no Colombo; vestir D&G; ter um Jeep para andar na cidade de Lisboa; ter um telemóvel de última geração; comprar um jacto no Second Life; assistir a um remake da Vila Faia; assinar pela Vidisco; comprar casa na Alta de Lisboa; comer uma bifana no Rossio; passar férias em Quarteira.
na lecool desta semana