28 setembro 2004

Puta que os pariu



A competência da direita foi pelo cano. Arranjaram um bode expiatório, montaram uma campanha nos jornais de mão, desunham-se em encómios entre compadres, atiram os secundários para a frente e guardam os figurões para o Orçamento, mas ninguém os livra da grande barracada do início de ano lectivo.

Razão tem o Carvalhas, demita-se o Governo já.
E já agora o Sampaio também. Que vá escrever as memórias.

Estás fodido (2)

Estás fodido (1)


Estão fodidos



Em solidariedade com J.

Excêntrico


Considerar que as representações geográficas estão colonizadas pela mundividência europeia começa a ser aceite. Já tinha lido sobre isso, falado sobre isso. Só ainda não tinha visto o contraponto. Explico-me.

É normal vermos a representação do globo terrestre, da nossa casa, assim:



A Europa ao centro afasta o Império do Meio para o lado direito, nas margens do olhar. O Norte e Sul colocados acima e abaixo como se os pontos cardeais devessem obedecer a uma gramática simbólica de superioridade e inferioridade.

No outro dia vi o catálogo
desta exposição do Museo Provincial de Lugo, cuja capa é nada menos que um mapa-mundo ao contrário. Foi como se tivesse perdido a fé, eu que nunca tive. Um gajo olha para lá e não vê nada no sítio. As sensações sucedem-se ao segundo:

1. Desconfiança (- Que merda é esta?).
2. Espanto (- É um mapa!)
3. Reconhecimento (- China…, Afeganistão…isto deve ser a Terra…)
4. Admiração (- Sim senhor, parece que está tudo…)
5. Aplauso (- Os gajos são mesmo bons…)

Agora peço-vos que procurem abstrair-se da má qualidade da imagem e tentem a experiência na
página do Museo. Ou então agarrem no mapa lá de casa, virem-no ao contrário, colem-lhe umas etiquetas por cima das indicações e atirem com esse pedaço de modernidade bafienta das vossas representações para o caixote do lixo da História.

27 setembro 2004

PROCURA-SE



Ninguém se lembra da última vez em que foi visto. Esperava-se que aparecesse a tempo de um congresso partidário lá para novembro, mas, se não aparecer, também não faz falta. Deixou uma cadelinha chorosa inconsolável que não se cala. Não há recompensa por informações sobre o seu paradeiro mas oferece-se a cadela ao primeiro telefonema.

Testes

O Miguel Almeida seguiu o público de sexta-feira passada e fez o teste. Eu também fiz. Deu

Economic Left/Right: -7.88 e
Social Libertarian/Authoritarian: -6.36



Claro que o partido não aguenta esta potência toda.

22 setembro 2004

Caganda Bronca

Eu gosto do ar despachado, escorreito e assumidamente beto da nossa ministra da educação. Provavelmente é assim simpática e humilde porque está no meio de uma alhada e ainda não sabe se o Morais Sarmento vai aconselhar a sua demissão.A Fenprof acertou em toda a linha, disse que por este andar só no fim do mês de Setembro e que a melhor opção neste momento seria refazer manualmente a listagem. A amiga do Deco, a Fátima Bonifácio diz que todos os anos há problemas com o início do ano lectivo, toda a gente se lembra de assim ser(A senhora vive nos fulgurantes anos de 80 e 90 ou então tem um fraquinho pela Maria do Carmo). Vou hoje ligar para o ministério da educação para oferecer uma ajudinha nas listas já que este mês fico mesmo sem trabalho.
Quem paga a factura de 40 mil contos pelo programa informático da Compta? Quem paga as horas extraordinárias e toda a panóplia de gente contratada desde Maio no Ministério da Educação?
Entretanto vi pouca coisa do debate entre os três candidatos à liderança no PS. A Sic/Balsemão já escolheu o homem, basta ver o lugar onde o puseram ontem à noite, mas não é uma novidade porque outros lideres do PSD já tinham indicado Sócrates como o melhor candidato (deve ser pelo ar fresco e moderno), triste é ver a massa dos militantes deste partido a ir atrás das opções dos grupos económicos (mass media)e atrás da telegenia do ex-ministro do Ambiente. .

Meu amigo Carlucci

Querido amigo, não fora a sorte auspiciosa de eu ser prime minister in Portugal in this moment , e perdia-se a oportunidade de fazer justiça com o teu papel anti-comunista no nosso país. Graças a Deus estamos todos vivos, todos bem, aqui, na terra dos Bravos, no coração deste grandioso país que permitiu ao meu país ser hoje uma verdadeira democracia, quase tão verdadeira como a vossa (ainda não conseguimos eleger o homem com menos votos...) avançado e desenvolvido. E como, querido Carlucci, tens a cota parte de responsabilidade para eu e os meus amigos estarmos aqui recebe a insígnia que damos aos bravos lá em Portugal (feita pela escola de sagres no atelier do Infante D. Henrique)
P.S.L.


21 setembro 2004

Que carta de Tarot sou eu?

The Fool Card
You are the Fool card. The Fool fearlessly begins
the journey into the unknown. To do this, he
does not regard the world he knows as firm and
fixed. He has a seemingly reckless disregard
for obstacles. In the Ryder-Waite deck, he is
seen stepping off a cliff with his gaze on the
sky, and a rainbow is there to catch him. In
order to explore and expand, one must disregard
convention and conformity. Those in the throes
of convention look at the unconventional,
non-conformist personality and think What a
fool. They lack the point of view to understand
The Fool's actions. But The Fool has roots in
tradition as one who is closest to the spirit
world. In many tribal cultures, those born with
strange and unusual character traits were held
in awe. Shamans were people who could see
visions and go on journeys that we now label
hallucinations and schizophrenia. Those with
physical differences had experience and
knowledge that the average person could not
understand. The Fool is God. The number of the
card is zero, which when drawn is a perfect
circle. This circle represents both emptiness
and infinity. The Fool is not shackled by
mountains and valleys or by his physical body.
He does not accept the appearance of cliff and
air as being distinct or real. Image from: Mary
DeLave http://www.marydelave.com/


Which Tarot Card Are You?
brought to you by Quizilla

17 setembro 2004

11 de Setembro - ou tudo, ou nada

Ao ver o conjunto de curtas que um produtor decidiu juntar para compôr o filme sobre o 11 de Setembro ocorreram-me algumas coisas.
Por exemplo, que o 11 de Setembro só pode ser nomeado assim porque foi talvez a primeira tragédia vivida em directo televisivo, radiofónico e internético pelos produtores da esmagadora maioria de fluxo comunicacional no planeta. Por isso o 11 de Setembro se impôs como uma evidência do terror a todo o mundo. Há pelo menos duas curtas que questionam essa evidência de forma algo indirecta,e quanto amim conseguida: o filme de Samira Makhmalbaf (??) com as crianças afeganistãs refugiadas exploradas pelo trabalho infantil a falarem do atentado numa muito rica desconstrução da evidência da universalidade da revolta e da piedade que o terror televisionado deveria transmitir ao homem contemporâneo. O outro é o filme bastante fraco do realizador da Costa do Marfim que, mesmo assim, acaba por revelar numa espécie de subtexto a completa indiferença do quotidiano de uma capital africana (embora pequena cidade) à tragédia dos ianques. Se for assim, 11 de Setembro significa para esta gente, que merece tanta consideração como qualquer outra, exactamente o que significava antes dos atentados. E para isto concorre não só o facto de naquele momento as pessoas não estarem colonizadas pelo american way of thinking, (que é, como qualquer outro, autocentrado) mas também de não disporem da mais pequena chave interpretativa dos conteúdos simbólicos da mensagem do terror: o World Trade Center, o pentágono, Nova Iorque, são tão desconhecidos como o solo lunar. Um avião contra uma torre é um fait divers.Paradoxalmente, e era aqui que queria chegar, o facto de esta gente estar essencialmente subtraída aos fluxos da colonização mediática (com N razões diferentes e de consequência também diferentes) torna-os imunes às evidências totalizadoras do espectáculo televisivo. E acho que isto é politicamente relevante porque de alguma forma torna esta gente mais informada. Ao invés, parece-me necessário desmistificar, do lado de cá da barreira mediática, o consenso que se gerou à volta da inadmissibilidade do terror. Sem querer entrar na discussão sobre o branqueamento emocional do terrorismo de Estado americano, que me parece também evidente, fiquei a pensar na tremenda injustiça que as lágrimas vertidas pelos mortos de Nova Iorque representam para os que morreram hoje, ontem, anteontem e por aí fora em todo o mundo por causa de decisões que implicam o uso da máquina de guerra americana. E como, de maneira muito mais forte do que provavelmente admitimos, essa injustiça se constrói todos os dias, banalmente, num episódio dos Sopranos ou num filme de Hollywood, que nos vendem o americano como um de nós, que normalizam o americano como aquele tipo dotado de/ou que concentra as características mais autênticas e definidoras do ser humano, ou melhor, do Homem (admitindo que todos fomos, muito iluministicamente, doutrinados a venerar essa figura mítica). Claro que isto tem tudo a ver com as noções de civilização, confronto ocidente/oriente e outras construções ideológicas. Por isso não consigo, como nunca consegui, indignar-me com o 11 de Setembro. Ou por outra, o mundo está cheio de 11 de Setembros, a maior parte deles por responsabilidade directa do Estado americano. Grande coisa, morreram uns quantos (uma estatística) em duas torres em Nova Iorque, sai um coro de carpideiras com controlo remoto na Casa Branca. É para mim pornográfica a propaganda da emoção com a morte dos atentados terroristas de Nova Iorque, que continua a desempenhar o seu papel no combate político. O 11 de Setembro ou é tudo ou então não pode ser nada.

15 setembro 2004

Madonna

Ia escrever sobre a Madonna mas esta merda foi abaixo e perdi tudo. Assim fico-me pela recordação das toneladas de perfume que aquela gentalha pôs para se ir mostrar ao concerto da diva (ah, ah, ah). Um pivete eloquente sobre a nossa classe média. Depois aparecem jornalistas (??) ou críticos culturais (??) a dizer que a Madonna fez um espectáculo político. Tenham dó. A Madonna fez-se a vender mamas e pernas em videoclips. O resto é conversa. E eu posso falar porque sou orgulhoso possuidor-comprador do LP "Like a prayer" e da colectânea em cassete "The Immaculate Collection".

13 setembro 2004

E já agora...



...vou adaptar minimamente o texto aqui abaixo, imprimi-lo, fotocopiar meia-dúzia de A3 e colar uns cartazes na FCSH.

Com assinatura.

Já chega de gozo. É o direito à indignação. Agora é que vão ver. Ou pensavam que isto era sempre assim?

Ah pois é...Mai nada.


- Eu também posso ser presidente do conselho científico


Farto de ser gozado

Cena 1: Reunião do Conselho Directivo da FCSH da Universidade Nova de Lisboa em período não lectivo, Julho a pique. Adriano Duarte Rodrigues, presidente do Conselho Científico, apresenta uma proposta de aumento do valor total das propinas pagas pelos estudantes de licenciatura em cerca de 70 €, passando para 528,00 €. É necessário, segundo o distinto catedrático, dar à faculdade um símbolo de prestígio que a sociedade possa reconhecer, colocando a FCSH no seu lugar, entre as melhores faculdades do país, porque a propina mais baixa é um desprestígio para a instituição. A proposta passa com os votos contra do director da faculdade, da vogal representante dos docentes não doutorados e do André Pires, representante dos estudantes. Na altura talvez nem lhe tenha passado pela cabeça, mas Adriano Duarte Rodrigues assumiu-se assim como mercenário do saber. Vamos ver o que pensam os interessados nos seus serviços...

Cena 2: Domingo, 12 de Setembro de 2004. São conhecidos
os resultados das colocações da 1.ª fase do concurso de acesso ao ensino superior. O curso do distinto catedrático ficou com 21 vagas a descoberto em 30. Três cursos de Línguas e Literaturas têm dois alunos em 50 possíveis (só se candidataram duas pessoas!!!). Em Sociologia, metade das vagas estão por preencher. Em Filosofia entram 7 para 40 vagas. Dito isto, é de admitir que o presidente do Conselho Científico aceite com lúcido fair-play que a sua área de estudos, tal como muitas outras, não é do interesse dos utentes dos serviços que esta faculdade vai prestando. E, como muita gente sabe mas cala, quanto menos estudantes tiver a faculdade, menos dinheiro receberá do Orçamento do Estado. Quanto menos do Orçamento do Estado, mais devem pagar os que já lá estão em propinas, taxas e emolumentos.

Cena 3: Eu, Deco, "o luso-português", ando à rasca para pagar a minha vidinha de todos os dias, cervejinha aqui, cafézinho ali, postas de lombo de longe a longe, bacalhau é um luxo, queres carne comes o bifinho de perú e franguinho antibiótico, que até te aleijas!! Não mudo de telemóvel, não compro roupa nova, ando de transporte público, tenho 27 anos e vivo em casa dos pais. Não fui de férias para lado nenhum. Agora tenho à perna 528 euricos de propinas para acabar o curso. Um amigo recém doutor faz história no atendimento telefónico a clientes enquanto vai engolindo sapos...porque a outra, com reconhecimento académico, não pode fazer, fica em 2500 € por 4 semestres e ninguém vive do ar. Eu não tenho trabalho, mas, se tivesse um como este, precisaria de 2 meses para pagar as propinas, sem direito a cafézinhos. Isto é, para ajudar a pagar o salário de, entre outros, o distinto catedrático, as contas da luz, água e telefones. Tal como estão as coisas, terei de pedir ao director da faculdade que me adie para não sei quando o prazo de pagamento da minha contribuição para os salários de Adriano Duarte Rodrigues. Felizmente, sei que o Prof. Jorge Crespo fará os possíveis para me "facilitar" a vida.


Epílogo

Ora bem.
Sabemos que as propinas vão direitinhas para salários, papel higiénico, água e luz. Agora que até a Associação de Estudantes da FCSH acha tudo isto normal, para mim as questões começam a ser, curtas e grossas, estas:

Por que é que eu hei-de pagar os salários de gente que me lixa a vida (para não usar outros verbos que me atravessam o espírito)?

Por que é que, sendo obrigado a pagar isto e tudo o resto para chegar ao fim do curso e ir atender telefones ou trabalhar numa caixa de supermercado, o carro do distinto catedrático fica imune no pisos subterrâneos da torre A?

O que é que me impede de lhe exigir a minha quota-parte de salário de reembolso, eu que nunca tive e nunca vou ter aulas com o distinto, já que ele se assumiu como mercenário do saber? Devo dizer que nunca lhe ouvi uma crítica às políticas seguidas pelos vários governos para o financiamento do ensino superior. Talvez andasse distraído.

E por que é que, sabendo que os seus serviços interessam a cada vez menos gente nesta faculdade, o professor não se vai simplesmente embora trabalhar para onde lhe apeteça, desde que me desampare os bolsos e a paciência? É que estou mesmo farto de me indignar,...de só me indignar. E estou farto que me julguem um imbecil.

CLARO QUE EU SEI QUE A MISSÃO DA UNIVERSIDADE É OUTRA, E ESTOU HÁ ANOS A LUTAR POR UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE. MAS UMA PESSOA CANSA-SE.

11 setembro 2004

O Bastonário pidesco

Há os médicos sem fronteiras, há os médicos a sério e há os médicos sem consciência, normalmente aqueles a quem ouvimos dizer eu a mim não me obrigam a fazer abortos porque a minha consciência não permite mas nunca lhes ouvimos nada sobre a questão de saúde pública que levanta o flagelo do aborto clandestino. Nada, nem uma palavra. Mulheres, hemorrogias, entrada nas urgências dos hospitais, complicações para a saúde da mulher. Mortes. Diz respeito aos médicos? Silêncio hipócrita. Mulher grávida, tem medo de ir a um hospital, não sabe o que há-de fazer, clínica de vão-escada, sem medicação, sem assistência condigna, isto diz respeito aos médicos? Silêncio hipócrita.
Perante este cenário de profissionais cobardes (tirando as excepções honrosas) o ministro-do mar-do-jaguar manda as corvetas ameaçar um barco que traz activistas a sério, dispostas a muito mais que apontar o dedo à santíssima hipocrisia criminosa. Sim, é preciso que se diga, as nossas manifestações ordeiras à porta das residências oficiais dos mandantes comparadas com a determinação destas holandesas também deve ser responsável pelas diferenças claras, nesta lei, como noutros níveis de qualidade de vida, entre o nosso país e a Holanda.
Uma juiza portuguesa em Coimbra repete, ao recurso interposto pela associação, os argumentos do Governo (nem sequer teve tempo ou foi necessário arranjar palavras ou argumentos próprios), o Barco não entra disse o ministro, vão lá queixar-se à Europa. Em resposta a médica e activista Rebecca Gomperts explica às mulheres portuguesas como poderão fazer um aborto 90% seguro utilizando medicamentos à venda em Portugal. Não lembrou à Rebecca Gomperts nem a nenhum de nós passaria pela cabeça que na sequência desse aborto induzido se uma mulher portuguesa tivesse de recorrer a um hospital seria denunciada por um enfermeiro ou por um médico como vem nas notícias desta semana. Nem ocorreria a qualquer de nós que o bastonário da ordem, caladinho que nem um rato até agora, viria à televisão insurgir-se contra a médica holandesa (por ela ter a coragem que a ordem que ele representa não tem) e acusá-la de incitar a práticas criminosas. Não bastava o silêncio hipócrita, temos agora pela mão deste governo o acordar dos pides adormecidos deste país. Nas esquinas, nas tv`s, nos bancos de urgência dos hospitais.




A tarântula


Conheci este grupo de músicos numa visita à FNAC, mas, como quase nunca posso pagar os preços proibitivos dos produtos culturais fiquei-me pela escuta de pé. Na altura tinha ouvido só o último disco "ALL'IMPROVVISO" Ciaccone, Bergamasche & un po' di Follie. Aqui fica um link para alguns segundos de todas as faixas do penúltimo disco, com a participação de Lucilla Galeazzi, uma croma da música popular/folk/tradicional italiana. As minhas favoritas são as faixas 9 e 11, para dançar pois claro!

04 setembro 2004

Esta tristeza que trago...



Ali em baixo foi um dos meus mundos. O banho de água salgada na piscina, os barcos a motor entrando e saindo do pequeno porto de abrigo, a muralha esburacada onde passeavam as baratas marinhas que terminavam muitas vezes as vidas como isco no anzol. Nas pedras da muralha moravam caranguejos de carapaça castanha, sempre prontos a esticar as tenazes para a carne de navalha, camarão ou amêijoa na ponta das canas. Tentávamos exercitar o nosso instinto caçador a ver passar as nuvens. Ao largo, a água da baía era verde ou cinzenta mas sempre quente. Ainda consigo cheirá-la. Horas dias, tão sem fim, num tempo sem ontem nem amanhã, como uma certa tarde em Itapoã...às vezes a realidade está já ali, nos espaços serenos da memória. Ácido sulfúrico. Buraco negro. Sol nascente ao crepúsculo. Miradouro para onde?

Volto ao passado na ressaca de mais uma história sem história, ou não fosse a minha vida de todos os dias andar suspenso de coisas que não existem...as pescarias no Clube Naval é que ninguém mas tira.
Cabrões.